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Por Leila Cangussu — Um dos destaques da tarde desta sexta-feira no Despertar 2025 foi o painel dedicado ao feminismo e à ampliação das vozes das mulheres. A jornalista Vivian Mesquita apresentou o programa Precisamos Conversar, iniciativa do ICL que nasceu a partir de uma conversa entre ela e a atriz Juliana Baroni e se consolidou como espaço fixo para reflexão crítica sob a ótica feminina.
Juliana destacou que o programa surgiu da necessidade de abrir espaço para mais mulheres dentro do instituto. No palco, ela apresentou o time formado por Assucena, Sará Zarâ e Márcia Tiburi, com direção de Paty Rubano, pesquisa de Tetê Cartaxo e produção de Alice Del Grossi.
Feminismo em primeira pessoa
O painel começou com Assucena interpretando Força Estranha, de Gal Costa, e seguiu com relatos sobre a descoberta do feminismo em diferentes fases da vida.
Márcia Tiburi relembrou o período em que, ao assumir-se feminista no programa Saia Justa, enfrentou resistência em um ambiente de mídia ainda hostil ao tema. Assucena relatou como o pensamento feminista a acolheu durante sua transição de gênero. Sará Zarâ contou que, ainda adolescente, tomou posição ao defender uma amiga em situação de violência. Juliana trouxe a trajetória de sua mãe como exemplo de força e pioneirismo.
Desconstruções e debates
O grupo aproveitou o espaço para desconstruir mitos, como o de que feministas não se depilam ou não podem ter amigos homens. Sara Zara analisou o fenômeno das tradwifes e lembrou que a liberdade de escolha só é legítima quando exercida sem imposições.
Márcia Tiburi reforçou que o feminismo é uma posição crítica diante da sociedade e que não se trata de “odiar homens”, mas de lutar para que todos os gêneros tenham direitos garantidos. “O feminismo é indispensável para sustentar a democracia”, afirmou.
Sará Zarâ, Juliana Baroni, Márcia Tiburi e Assucena durante o Despertar 2025. Foto: ICL
Interseccionalidade e resistência
Assucena destacou a importância do feminismo interseccional e defendeu que todas as mulheres, inclusive as que hoje se alinham ao discurso conservador, podem contar com a solidariedade feminista quando seus direitos forem ameaçados.
As participantes também discutiram os efeitos da ascensão de mulheres de extrema direita na política, apontando que esse movimento busca deslegitimar a luta feminista, mas não apaga a história de conquistas construídas ao longo das décadas.
Escuta e celebração coletiva
Juliana Baroni resumiu o espírito do programa e do painel: “Nos unimos para ouvir umas às outras, para nos proteger e denunciar sempre que necessário.”
O encontro terminou em tom de celebração, com Assucena cantando Pagu, de Rita Lee, em coro com o público.
O painel fez parte da programação vespertina do Despertar 2025, que segue reunindo nomes da cultura, da política e do pensamento crítico em dois dias de debates e apresentações.