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Você, que tem 40 anos ou mais, usa camisinha?

por Eliana Alves Cruz
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Percorrendo o noticiário nacional, lá pelo final da página, quase caindo do portal, uma manchete grita: Infecção de Sífilis cresce entre adultos acima de 40 anos. Sim, caríssimos e caríssimas, esta IST (infecção sexualmente transmissível) tão velha quanto a velhice, presente na história de plebeus e nobres, reis e rainhas, meretrizes, bandidos e “castos” religiosos, está aí forte e viva em pleno século 21.

Quem nos traz notícias espantosas da atualização deste mal temido e conhecido da humanidade é o Boletim Epidemiológico de Sífilis 2025, publicado pelo Ministério da Saúde. Nele, consta uma queda nos casos de contaminação dos bebês, ou seja, 2.677 crianças a menos diagnosticadas com a doença ao nascer em 2024, comparando-se com a análise feita em 2022. No entanto, entre os adultos…

A epidemia é intensa entre os jovens e há um registro de aumento constante desde 2021entre pessoas acima dos 40 anos. Entre 2021 e 22, ou seja, no espaço de um ano as taxas passaram de 76,8 para 98,8 casos por cem mil habitantes entre 40 e 49 anos e de 50,6 para 67,6 entre os que estão acima de 50. A infecção pega em cheio a população negra, mais de 55% das notificações de sífilis adquirida em 2024 vieram de pretos (12,3%) e pardos (43,1%). Brancos foram 34,6%.

É muita gente infectada e infectando.

A pergunta que se faz é: Por quê? O que está por trás de números tão altos de uma doença dolorosa e mortal? Especialistas apontam para vários fatores como falsa sensação de segurança, como se IST’s fossem problemas apenas para jovens, mas principalmente uma vida sexual ativa sem uso de preservativo. Como se o único “problema” a evitar com eles fosse gravidez.

Pode-se pensar também em uma parcela de população que condena a educação sexual porque jamais a recebeu e —, devido a disseminação de muita desinformação, tabus religiosos e coisas afins — desenvolveu ideias impregnadas de preconceitos e deturpações sobre seu conteúdo. Quem não se lembra dos recentes mitos do “kit gay ou da mamadeira de piroca”? Entram nesta equação machismo (um mal que assola todas as classes sociais, credos e raças); pessoas que cresceram desconhecendo o próprio corpo e que foram estimuladas a não cuidar devidamente dele e uma infinidade de variáveis em uma nação que ainda não enxerga sexo e direitos reprodutivos como questões graves e urgentes da ordem da saúde pública.

Muito se fala em combate ao etarismo, ou seja, o preconceito com a idade. Graças a um grande movimento da sociedade, muita coisa mudou. Homens e mulheres acima dos 40 anos hoje não são os mesmos de há 30 anos. Felizmente, a população mais velha está disposta a exercer sua sexualidade plenamente. No entanto, do que adianta se este avanço não vem acompanhado das necessárias preocupações com a saúde?

Soma-se a isso tudo um certo desaparecimento de campanhas preventivas governamentais (nas diversas esferas de governos) e de estímulo ao uso de preservativos fora do período de carnaval e tem-se um quadro alarmante e crescente no país inteiro.

UTILIDADE PÚBLICA

Médicos informam que a sífilis pode infectar qualquer pessoa sexualmente ativa, em qualquer fase da vida, e se dá principalmente nas relações sexuais desprotegidas, mas também da mãe para o bebê durante a gestação ou no parto. Ela é traiçoeira porque apresenta sintomas variados e às vezes imperceptíveis. Há uma ferida inicial e ela pode sumir. Não se iluda, a bactéria continua ativa e fazendo seu passeio (e seu estrago) pelo corpo.

O risco de sequelas graves é alto para adultos e bebês sem tratamento, mas com medicação adequada inclusive durante o pré-natal, quase todas as complicações são evitadas. As boas notícias são: A testagem é fácil e disponível na rede pública, o tratamento feito corretamente com a acompanhamento médico é simples e gratuito no Sistema Único de Saúde.

Tenha você a idade que for, use camisinha, informe-se, cuide-se e preserve sua saúde. Por fim…

Viva o SUS!

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