Uma das artistas mais inovadoras da música pop contemporânea, Rosalía acaba de lançar seu novo disco, “Lux”, com uma declaração que pode marcar o início de um movimento de resistência artística.
Em entrevista à Apple Music, ela foi direta: “Não tem nenhuma inteligência artificial. É um álbum humano. Quis que fossem instrumentos acústicos. Acho que dá para sentir a madeira, o espaço, dá para sentir que há um humano ali dentro”.
Em meio ao crescimento de músicas criadas por IA, isso pode ser visto como uma recusa à lógica da automação, da perfeição artificial e da velocidade. Ao escolher o som orgânico, o erro, a presença física, Rosalía transformou o simples fato de ser humana em manifesto.
Esse posicionamento não está isolado. A plataforma de distribuição de músicas SoundCloud anunciou uma reformulação do seu modelo de negócios, eliminou taxas de distribuição e oferece aos artistas independentes 100% dos royalties de plataformas como Spotify, TikTok e YouTube Music. A empresa também lançou o Fan Support, ferramenta que permite aos fãs enviarem gorjetas diretamente aos artistas ,sem nenhuma comissão.
Pesquisas recentes da Columbia Business School mostram que quando obras humanas e artificiais são apresentadas lado a lado, o público atribui 163% mais valor às criações humanas. As pessoas reconhecem e rejeitam o “slop”, a gororoba digital automatizada produzida por IAs generativas (falei mais sobre isso no episódio desta semana do RESUMIDO -.
Campanhas de marketing que usam IA têm sido alvo de chacota. Marcas que substituíram equipes humanas por algoritmos enfrentam arrependimento e prejuízo de reputação. Um estudo do MIT revelou que 95% das empresas que tentaram integrar IA não conseguiram gerar lucro e muitas estão recontratando funcionários humanos. O hype é insustentável.
O movimento de Rosalía e do SoundCloud aponta para uma valorização do trabalho criado por humanos. Estamos entrando em uma era onde ser humano volta a ser diferencial, onde saber quem está do outro lado importa mais do que nunca.
A IA pode inundar a internet de conteúdo sintético que seguiremos tendo fome por autenticidade. No fim, arte sempre foi sobre conexão humana. E isso nenhum algoritmo consegue replicar.