O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, respondeu nesta terça-feira (21) às críticas feitas por pecuaristas norte-americanos, afirmando que o bom momento do setor é resultado direto das tarifas impostas por seu governo sobre a importação de carne bovina e gado de outros países, especialmente do Brasil.
“Os pecuaristas, que eu amo, não entendem que a única razão pela qual estão indo bem, pela primeira vez em décadas, é porque eu impus tarifas sobre o gado que entra nos EUA, incluindo uma tarifa de 50% sobre o Brasil”, disse Trump em sua rede social.
O republicano acrescentou que, sem essa política, os produtores continuariam enfrentando as mesmas dificuldades do passado:
“Se não fosse por mim, eles estariam fazendo exatamente o que têm feito nos últimos 20 anos. Terrível! Seria bom se eles entendessem isso, mas eles também precisam baixar os preços, porque o consumidor também é um fator muito importante na minha opinião”.
Críticas dos pecuaristas e polêmica com a Argentina
As declarações de Trump foram uma resposta às reclamações de fazendeiros americanos, que criticaram a sugestão do presidente de importar mais carne bovina da Argentina. O comentário, feito no domingo (19), tinha o objetivo de reduzir os preços recordes da carne nos Estados Unidos, mas gerou forte resistência entre os produtores locais.
Os pecuaristas consideraram a proposta uma ameaça ao setor, que atualmente se beneficia de altos preços e forte demanda interna. Segundo associações do agronegócio, a entrada de carne argentina poderia prejudicar o lucro dos criadores e desestabilizar o mercado doméstico.
Economistas, porém, afirmam que as importações da Argentina dificilmente terão impacto relevante sobre os preços da carne nos EUA. O país sul-americano representa uma pequena fração do total importado e não tem capacidade de oferta suficiente para alterar o equilíbrio do mercado americano.
Por outro lado, especialistas alertam que a medida pode desestimular a expansão dos rebanhos nos EUA, num momento em que o país enfrenta escassez histórica de gado. Em janeiro, o estoque bovino americano caiu para o nível mais baixo em quase 75 anos, resultado de uma longa seca que reduziu pastagens e elevou os custos de alimentação.
Além disso, desde maio, o governo americano suspendeu parte das importações de gado do México por temores ligados à bicheira-do-Novo-Mundo, uma praga que afeta o rebanho bovino. As tarifas sobre produtos brasileiros também limitaram a entrada de carne no mercado americano, ampliando o desafio de equilibrar oferta e preços.
Com o impasse entre o governo e os produtores, o tema deve continuar dominando o debate agrícola e econômico nos EUA, especialmente diante da preocupação com o custo dos alimentos para os consumidores — um ponto que Trump tem reiteradamente colocado no centro de seu discurso.