Na reunião entre Lula e Donald Trump, o presidente norte-americano demonstrou interesse na trajetória de Lula. Trump perguntou quanto tempo o presidente ficou preso por condenações da Operação Lava Jato e chegou a afirmar que Lula foi alvo de perseguição, de acordo com informações do repórter Felipe Frazão do Estadão.
O norte-americano também elogiou a trajetória política do brasileiro e disse admirar o fato de ele ter retornado ao poder após enfrentar acusações e prisões. “Trump declarou admirar o perfil do presidente Lula, que foi perseguido no Brasil, provou sua inocência e voltou a vencer as eleições”, relatou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, descrevendo a conversa como “descontraída e até alegre”.
A reunião durou cerca de 45 minutos e abordou também a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com relatos, houve uma sensação de “cumplicidade” entre os dois líderes durante a conversa.
Na parte pública da reunião, Lula encerrou a participação da imprensa após cerca de nove minutos, por considerar que as perguntas estavam se alongando e prejudicavam o tempo destinado às tratativas bilaterais. Trump concordou e ironizou os jornalistas, dizendo que as questões estavam “tediosas”.
A presença da imprensa chegou a gerar tensão entre as delegações: o Serviço Secreto americano tentou priorizar o acesso de repórteres da Casa Branca, o que provocou protestos da assessoria de Lula, que exigiu reciprocidade no credenciamento.
Durante o encontro, Lula e Trump se sentaram em poltronas azuis, separados por uma pequena mesa com flores e copos de água com gás. O registro oficial, com ambos sorrindo, foi visto pelo Palácio do Planalto como um ativo político importante.
Trump e Lula acertaram visitas
Embora não tenha havido anúncio de reversão imediata do tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, Trump determinou que seus secretários se reunissem ainda na noite de domingo, em Kuala Lumpur, para tratar do tema. Lula entregou ao norte-americano uma pasta vermelha com o brasão da Presidência da República, contendo informações e argumentos do Brasil sobre questões econômicas e comerciais, além de temas políticos e ambientais.
Os dois presidentes também acertaram visitas mútuas: Lula deve ir aos Estados Unidos, e Trump deve visitar o Brasil, em datas que ainda serão definidas.
Na coletiva que antecedeu o encontro, Trump foi questionado sobre a condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. O republicano respondeu que “sempre gostou” do ex-presidente brasileiro e que ficou “muito triste” com a sentença. “Eu sempre gostei dele. Fiquei mal com o que aconteceu. Sempre achei que era um cara honesto, mas ele passou por muita coisa”, afirmou Trump.
Quando insistiram se o tema seria tratado com Lula, o americano respondeu, em tom ríspido: “Não é da sua conta.”
Em conversa reservada, porém, foi o próprio Lula quem abordou o caso, destacando que as condenações se basearam em provas consistentes e foram conduzidas de forma independente pelo Judiciário brasileiro. O petista também criticou as sanções aplicadas por Washington a ministros do Supremo Tribunal Federal, como a cassação de vistos e as medidas baseadas na Lei Magnitsky.