Após anos de tensões e tarifas punitivas, os presidentes Donald Trump e Xi Jinping anunciaram nesta quinta-feira (30) uma trégua de um ano na guerra comercial entre Estados Unidos e China. O encontro, realizado em Busan, na Coreia do Sul, foi o primeiro encontro cara a cara entre os dois líderes desde 2019 e resultou em avanços concretos, embora temas sensíveis como semicondutores e o TikTok tenham ficado fora do acordo.
O entendimento prevê redução de tarifas sobre produtos chineses, suspensão de restrições à exportação de terras-raras e retomada da compra de soja americana — pontos que haviam sido símbolos da disputa entre as duas maiores economias do planeta.
Trump, que deixou a Coreia do Sul logo após a reunião, celebrou o resultado: “Em uma escala de zero a dez, diria que a reunião foi um 12”, afirmou o republicano a jornalistas a bordo do Air Force One. “Tudo relacionado aos elementos de terras-raras foi resolvido, e isso vale para o mundo”, afirmou.
Encontro Xi-Trump teve concessões mútuas
Pelo lado chinês, Pequim se comprometeu a suspender controles sobre ímãs e minerais de terras-raras, eliminar taxas portuárias especiais para navios americanos e retomar a importação de soja dos EUA — medida que pode beneficiar a base agrícola do eleitorado de Trump em meio à campanha presidencial.
Em contrapartida, Washington reduzirá a tarifa média sobre produtos chineses de 57% para 47%, diminuirá tributos sobre itens ligados ao fentanil e cancelará a ameaça de novas tarifas de 100%. Também haverá suspensão de taxas portuárias aplicadas a embarcações chinesas.
O fentanil, potente analgésico opioide que tem alimentado uma crise de overdose nos EUA, foi incluído no pacote em razão das acusações de Trump de que Pequim não estaria agindo com rigor para conter o tráfico ilegal da substância.
Informações divulgadas pela CNN apontam que o acordo deve ser assinado formalmente nas próximas semanas e prevê uma revisão anual. “É um acordo de um ano, mas acho que vai durar muito tempo”, afirmou o presidente norte-americano.
O que ficou fora do acordo
Apesar do tom conciliador, as negociações não avançaram em áreas de alta tecnologia. A discussão sobre o fornecimento de chips avançados — como o novo Blackwell, da americana Nvidia — foi adiada.
Trump afirmou que pretende conversar com o CEO da empresa, Jensen Huang, mas sem sinalizar qualquer entendimento.
O TikTok também permanece em impasse. O Ministério do Comércio chinês limitou-se a dizer que busca uma “solução adequada”, enquanto os EUA seguem defendendo um plano que transfira o controle da operação americana do aplicativo para investidores dos Estados Unidos.
Trump e Xi afirmaram ainda que pretendem manter o diálogo aberto: o líder americano visitará a China em abril de 2026, e Xi deverá retribuir a visita posteriormente.
