O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na terça-feira (4) um decreto que reduz de 20% para 10% as tarifas adicionais sobre produtos chineses, impostas anteriormente em retaliação ao tráfico de fentanil. A medida formaliza um dos pontos centrais do acordo firmado entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, após encontro realizado em Busan, na Coreia do Sul, no mês passado.
As tarifas extras haviam sido aplicadas no início do ano com base na alegação de envolvimento da China na distribuição do fentanil, opioide sintético responsável por uma grave crise de overdose nos EUA. Durante a reunião em Busan, Xi comprometeu-se a interromper o envio de materiais usados na fabricação da droga, enquanto Washington prometeu reduzir as tarifas, com efeito a partir de 10 de novembro.
Tarifaço de Trump: China adota medidas adicionais
Nesta quarta-feira (5), Pequim anunciou que prolongará por um ano a suspensão da tarifa adicional de 24% sobre produtos norte-americanos, mantendo em 10% a taxa geral de importação. O Ministério das Finanças chinês afirmou que a decisão reflete “o consenso alcançado nas consultas econômicas e comerciais entre China e Estados Unidos” e entrará em vigor na mesma data definida por Washington.
Além disso, a China suspendeu tarifas de até 15% sobre a soja e outros produtos agrícolas norte-americanos, como gesto adicional de boa vontade. Com essas medidas, os dois países estendem por um ano a trégua que marca o fim temporário de uma escalada tarifária que chegou a atingir percentuais de três dígitos, afetando mercados globais e cadeias de suprimentos.
Impactos da trégua para o comércio global
O acordo firmado em Busan inclui também o compromisso de Pequim de retomar a compra de soja norte-americana, manter o fluxo de exportação de terras-raras e combater o comércio ilícito de fentanil.
Especialistas dizem que a trégua representa um alívio temporário para cadeias de suprimentos e para a economia global, especialmente em setores dependentes de insumos tecnológicos.
Para o Brasil, os efeitos são mistos: a retomada das compras de soja dos EUA pode reduzir parte da demanda pelo grão brasileiro, enquanto o país pode ganhar espaço na exploração de terras-raras, segmento em que detém a segunda maior reserva mundial.
A trégua entre as duas maiores economias do mundo tende a reduzir a volatilidade nos mercados globais e fornecer maior previsibilidade para a indústria de chips e minerais estratégicos, ainda que desafios comerciais e concorrência continuem a impactar alguns setores agrícolas e industriais.