Em entrevista à rede de TV Fox News, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o país deve reduzir algumas tarifas sobre as importações de café. Ele não detalhou quais medidas serão adotadas. O Brasil será o principal beneficiado com a diminuição dos impostos sobre o produto, amplamente consumido pelos norte-americanos.
Os Estados Unidos consomem cerca de 25 milhões de sacas de café por ano e costumavam importar entre 7,5 e 8 milhões de sacas do Brasil, segundo a analista de agronegócios Renata Marconato, da consultoria MB Agro, vinculada à MB Associados. A produção brasileira é majoritariamente composta por grãos do tipo arábica — variedade na qual o país é líder mundial, com uma safra anual entre 40 e 45 milhões de sacas.
Além do Brasil, outros grandes produtores de arábica são Colômbia, Indonésia, Etiópia e Honduras, com volumes que variam entre 6 e 13 milhões de sacas. Como os exportadores brasileiros não conseguiram escapar da tarifa de 50%, parte das compras americanas pode acabar sendo redirecionada a países que enfrentam taxas mais baixas.
A retirada da sobretaxa sobre o café é uma das prioridades do governo brasileiro nas negociações com Washington. A primeira reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Trump, realizada em 26 de outubro em Kuala Lumpur (Malásia), não resultou na suspensão imediata das tarifas, como pleiteava o Brasil, mas reabriu o diálogo com a Casa Branca.
Governo brasileiro pediu exclusão do café e outros produtos do tarifaço
Fontes próximas às negociações afirmam que o governo brasileiro entregou aos americanos documentos solicitando a exclusão de mais produtos do tarifaço, incluindo café, carnes, pescados e frutas.
Como o café não é cultivado em larga escala nos Estados Unidos, o produto é visto como um dos mais passíveis de terem as taxas reduzidas. Em julho, o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, já havia sinalizado que alimentos não produzidos internamente poderiam ter as tarifas zeradas.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Pavel Cardoso, disse ao jornal Estado de S. Paulo, a inclusão do café entre os produtos tarifados foi uma forma de pressão política, já que o item tem peso estratégico nas exportações brasileiras. Ele destaca, porém, que manter as tarifas não faz sentido econômico: 76% dos consumidores americanos bebem café, o Brasil responde por 34% das vendas ao país e menos de 1% da demanda é atendida pela produção local, restrita ao Havaí e a Porto Rico.
Após o encontro entre Lula e Trump na Ásia, Cardoso afirmou: “Estamos acompanhando com atenção e cautela, mas com uma expectativa muito positiva sobre o andamento das negociações.”