O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) que irá impor tarifas adicionais de 100% sobre produtos importados da China, em uma nova escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
De acordo com o republicano, as tarifas entrarão em vigor a partir de 1º de novembro, mas a implementação poderá ser antecipada “dependendo de quaisquer ações ou mudanças adicionais tomadas” por Pequim. Trump também afirmou que seu governo pretende adotar controles de exportação sobre “todo e qualquer software crítico”.
O anúncio ocorre um dia após o governo chinês ampliar sua lista de restrições à exportação de elementos ligados às terras raras, insumos estratégicos para a produção de semicondutores, veículos elétricos e equipamentos de alta tecnologia. A China é responsável por mais de 90% do processamento mundial desses materiais.
Mais cedo, Trump havia elevado o tom contra o governo chinês, acusando-o de tentar “controlar” o mercado global de terras raras. O presidente também afirmou não ver mais motivo para se reunir com o líder chinês Xi Jinping, encontro que estava previsto para o fim do mês, à margem da Cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul.
“Agora não há motivo algum para que essa reunião ocorra”, declarou Trump. Pequim não havia confirmado oficialmente o encontro.
Ameaça de novas medidas contra a China
Em uma publicação na rede Truth Social, o presidente norte-americano disse que os Estados Unidos avaliam um “aumento massivo” nas tarifas de importação sobre produtos chineses e que outras medidas retaliatórias estão sendo estudadas.
“Há muitas outras medidas de retaliação que também estão sendo seriamente consideradas”, escreveu Trump.
O republicano afirmou ainda que o governo chinês estaria enviando cartas a diversos países, informando planos para expandir o controle sobre exportações de elementos usados na produção de terras raras. Segundo ele, a decisão poderia “congestionar os mercados” e prejudicar a economia global.
Na quinta-feira (9), Pequim anunciou a inclusão de cinco novos elementos na lista de exportações controladas e o aumento da vigilância sobre usuários de semicondutores. O governo também determinou que produtores estrangeiros que utilizem materiais chineses sigam as normas do país.
A nova ofensiva de Washington ameaça reativar a guerra comercial entre os dois países, suspensa após uma rodada de negociações diplomáticas no início do ano. Analistas avaliam que o anúncio pode gerar repercussões nos mercados globais, especialmente nos setores de tecnologia, energia limpa e manufatura.
Íntegra da publicação de Trump:
Coisas muito estranhas estão acontecendo na China! Eles estão se tornando bastante hostis e enviando cartas para países ao redor do mundo, afirmando que querem impor controles de exportação sobre todos os elementos de produção relacionados às terras raras — e praticamente qualquer outra coisa que possam imaginar, mesmo que não seja fabricada na China. Ninguém jamais viu algo assim; essencialmente, isso “congestionaria” os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo — especialmente para a própria China.
Fomos contatados por outros países que estão extremamente irritados com essa grande hostilidade comercial, que surgiu do nada. Nosso relacionamento com a China nos últimos seis meses tem sido muito bom, o que torna essa mudança comercial ainda mais surpreendente. Sempre senti que eles estavam apenas esperando o momento certo — e agora, como de costume, fui provado certo!
Não há como permitir que a China mantenha o mundo “cativo”, mas parece que esse tem sido o plano deles há algum tempo, começando com os “ímãs” e outros elementos que acumularam silenciosamente até alcançar uma posição quase monopolista — um movimento bastante sinistro e hostil, para dizer o mínimo. Mas os EUA também têm posições monopolistas, muito mais fortes e abrangentes do que as da China. Eu simplesmente não escolhi usá-las antes porque nunca houve motivo para isso — ATÉ AGORA!