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O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central, que é considerado uma espécie de termômetro do PIB (Produto Interno Bruto), apontou uma retração de 0,5% em julho na comparação com junho, após ajuste sazonal. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (15) pelo BC.
O resultado representa a terceira queda mensal consecutiva e reforça os sinais de desaceleração da economia brasileira em meio ao ambiente de juros elevados.
A última vez que o indicador apresentou crescimento foi em abril, quando houve uma leve alta de 0,4%. Desde então, o ritmo da atividade econômica vem se enfraquecendo: a retração do IBC-Br de julho é mais intensa do que a registrada em junho (-0,2%), consolidando uma tendência de desaquecimento no curto prazo.
Apesar disso, na comparação com o mesmo mês do ano passado, o IBC-Br registrou avanço de 1,1% — dado calculado sem ajuste sazonal. No acumulado de 2024 até julho, o índice cresceu 2,9%, enquanto a taxa em 12 meses ficou em 3,5%.
IBC-Br: Juros elevados e crescimento contido
O movimento de desaceleração já era esperado por economistas e pelo próprio Banco Central, diante da manutenção da taxa Selic em 15% ao ano — o maior patamar desde 2006. A taxa básica de juros tem sido mantida nesse nível para conter a inflação, mesmo que isso implique em menor dinamismo da atividade econômica.
Nas últimas comunicações oficiais, o BC tem reiterado que o atual patamar dos juros deve ser mantido por um “período prolongado”, o que inibe o consumo e os investimentos. Analistas de mercado projetam que os cortes na Selic só devem ocorrer em 2026.
Essa estratégia visa garantir a convergência da inflação à meta de 3%. No entanto, ela também contribui para a desaceleração do PIB.
Segundo o mercado, o crescimento da economia brasileira deve desacelerar de 3,4% em 2024 para 2,16% em 2025. O próprio Banco Central estima uma expansão de 2,1% neste ano.
Na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada em agosto, o BC reconheceu que a atividade econômica doméstica “indica moderação” no crescimento, com sinais mistos entre os setores produtivos.
Diferença do PIB
Embora seja considerado uma espécie de “termômetro do PIB”, o IBC-Br tem diferenças metodológicas importantes em relação ao cálculo do PIB, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O índice do BC considera apenas o lado da produção — agropecuária, indústria, serviços e impostos — e não incorpora a ótica da demanda, como faz o PIB do IBGE.
Ainda assim, o IBC-Br é uma ferramenta relevante para orientar a política monetária, ajudando o Banco Central a calibrar a taxa de juros com base no ritmo da atividade econômica. Uma economia aquecida tende a elevar pressões inflacionárias, exigindo cautela na condução dos juros.
Nesse contexto, os números de julho indicam que a economia brasileira começa a responder com mais força às medidas restritivas do BC — o que pode frear o crescimento nos próximos trimestres, mas ajudar no controle da inflação.