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Suspeito de incendiar banheiros em Brasília é identificado e nega autoria

por Bia Abramo
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Por Cleber Lourenço

Um incêndio de grandes proporções destruiu banheiros químicos instalados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na manhã de terça-feira (9). O episódio ocorreu justamente no momento em que o Supremo Tribunal Federal realizava a sessão que julgava o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado, ampliando a tensão em torno do centro político do país. A fumaça preta, espessa e visível de diversos pontos do Plano Piloto, chamou a atenção de quem circulava pela região e mobilizou rapidamente as forças de segurança.

As informações sobre o número de banheiros afetados variam conforme a fonte. De um lado, relatos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros apontam para a destruição de aproximadamente dez unidades. Por outro, a empresa responsável pela instalação dos equipamentos, a R8, comunicou oficialmente que pelo menos 26 banheiros foram danificados pelas chamas. A diferença entre os números ainda será esclarecida pela perícia, mas reforça a dimensão do incêndio, que comprometeu a infraestrutura de apoio montada para manifestações e eventos na Esplanada.

O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal atuou com rapidez e conseguiu conter o avanço do fogo, evitando que as chamas atingissem a área gramada ou equipamentos de maior porte. Apesar da pronta resposta, o impacto visual do incêndio foi suficiente para causar apreensão entre servidores públicos, transeuntes e jornalistas que acompanhavam os acontecimentos no entorno do STF. Segundo relatos, colunas de fumaça chegavam a dificultar a visibilidade em alguns pontos da via S1, obrigando a interdição parcial de trechos para o trabalho das equipes de combate.

Paralelamente, a Polícia Civil do Distrito Federal instaurou inquérito para apurar responsabilidades. As primeiras diligências confirmaram que câmeras de monitoramento da Esplanada registraram a movimentação de indivíduos próximo aos sanitários pouco antes do início das chamas. Essas imagens estão sendo analisadas e foram decisivas para a identificação de um suspeito.

Fogo em banheiros químicos foi visível de vários pontos da Esplanada dos Ministérios, em Brasília (Foto: STF)

Suspeito portava spray de gás inflamável

O homem detido foi conduzido para a 5ª Delegacia de Polícia e identificado como Lucas Ferreira Alves, de 22 anos. Em situação de rua, ele já tinha passagens pela polícia por violência doméstica, porte de arma branca e furtos. No momento da abordagem, no momento da prisão, ele carregava uma mochila com itens pessoais, uma lâmina e um spray com gás inflamável. De acordo com o delegado responsável, a linha de investigação mais consistente até agora sugere que Lucas teria iniciado o fogo com a intenção de recolher e vender partes metálicas dos sanitários, a fim de obter recursos para comprar entorpecentes.

Apesar do flagrante e das evidências coletadas, o suspeito negou veementemente participação no crime. Segundo relatos de policiais, durante o interrogatório ele chegou a questionar se havia provas concretas contra ele, mantendo a negativa mesmo após a apresentação dos objetos apreendidos. A Justiça converteu a prisão em custódia provisória, e o caso será reavaliado em audiência nos próximos dias.

O episódio ocorreu a menos de um quilômetro do prédio do Supremo Tribunal Federal, em um momento de enorme sensibilidade política. Ministros julgavam acusações contra Bolsonaro relacionadas à tentativa de ruptura institucional de 2022. Por conta dessa coincidência temporal e geográfica, autoridades da segurança federal não descartam que o incêndio possa ter motivações além do crime comum.

Essa linha de apuração, no entanto, ainda carece de elementos robustos. No âmbito oficial, prevalece a hipótese de que se trata de um ato isolado ligado à condição social e ao histórico criminal do suspeito.

O caso soma-se a uma série de episódios que vêm colocando à prova os esquemas de segurança montados em Brasília nos últimos anos, sobretudo após os atos de 8 de janeiro de 2023. A rápida ação dos bombeiros e a prisão de um suspeito em poucas horas evitaram maiores consequências, mas a proximidade com o STF e o simbolismo do momento alimentam questionamentos sobre eventuais falhas de monitoramento preventivo. Autoridades locais reforçaram que novos protocolos poderão ser avaliados para evitar ocorrências semelhantes em futuras sessões de julgamento ou manifestações de grande porte na Esplanada.

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