Casa EconomiaSuperávit da balança comercial brasileira cai 41% em setembro, pressionado pelo tarifaço dos EUA

Superávit da balança comercial brasileira cai 41% em setembro, pressionado pelo tarifaço dos EUA

por Fernanda Fiot
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O Brasil registrou um superávit da balança comercial de US$ 3 bilhões em setembro, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Apesar do saldo positivo, o resultado representa uma queda de 41% em comparação com o mesmo mês do ano passado, quando o país havia alcançado superávit de US$ 5,1 bilhões.

Este foi o segundo mês consecutivo em que o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impactou diretamente as exportações brasileiras. As novas barreiras comerciais criadas por Washington vêm dificultando o envio de produtos nacionais ao mercado americano — um dos principais destinos das vendas externas do Brasil.

Queda nas exportações e alta nas importações

As exportações brasileiras para os Estados Unidos despencaram 20,3% em setembro, passando de US$ 3,23 bilhões para US$ 2,58 bilhões. Enquanto isso, as importações de produtos norte-americanos aumentaram 14,3%, somando US$ 4,35 bilhões.

O resultado foi um déficit de US$ 1,77 bilhão na balança comercial com os EUA — o maior déficit mensal de 2025 e o nono seguido. Isso significa que o Brasil comprou mais dos americanos do que vendeu, o que representa um cenário desfavorável para as contas externas do país.

O último superávit registrado nessa relação foi em dezembro de 2024, quando o Brasil havia exportado US$ 468 milhões a mais do que importou.

No acumulado de 2025, as exportações brasileiras para os EUA estão praticamente estáveis, em US$ 29,3 bilhões, mas as importações cresceram quase 12%, chegando a US$ 34,3 bilhões.

Efeito do tarifaço americano

O chamado tarifaço de Trump vem sendo implementado de forma gradual desde o início do ano e, em agosto, atingiu o patamar de 50% de sobretaxa sobre cerca de 35% das exportações brasileiras.

O governo dos Estados Unidos justificou a medida alegando desequilíbrios econômicos e políticos, citando inclusive o caso judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro e supostos “ataques à liberdade de expressão” — argumentos que o governo brasileiro considera infundados.

Empresas afetadas pelas medidas já recorreram ao BNDES, que recebeu mais de R$ 5 bilhões em pedidos de socorro de indústrias prejudicadas pelas novas tarifas.

Apesar da queda nas vendas para os Estados Unidos, o Brasil ampliou as exportações para outros mercados. Em setembro, houve crescimento para a China (+14,7%), Mercosul (+27,6%) e América Central e Caribe (+29%). As retrações mais expressivas ocorreram nas vendas para os EUA e países africanos.

Balança comercial acumulada no ano

Entre janeiro e setembro de 2025, o Brasil acumula um superávit de US$ 45,5 bilhões, queda de 22,5% em relação ao mesmo período do ano anterior (US$ 58,7 bilhões).

O principal fator para essa redução é o ritmo mais acelerado das importações, que subiram 8,2%, somando US$ 212,3 bilhões, enquanto as exportações cresceram apenas 1,1%, atingindo US$ 257,8 bilhões.

Apesar do desempenho mais fraco em setembro, o MDIC revisou para cima a projeção de superávit comercial para o ano, que agora deve alcançar US$ 60,9 bilhões — acima da estimativa anterior de US$ 50,4 bilhões.

Segundo o ministério, parte da queda no saldo de setembro se deve à importação de uma plataforma de petróleo vinda de Singapura, avaliada em US$ 2,4 bilhões, o que elevou artificialmente o volume de compras externas e reduziu o superávit no mês.

Com a continuidade do tarifaço e o enfraquecimento das exportações para os Estados Unidos, o governo brasileiro aposta na diversificação de mercados e em novos acordos comerciais para manter o saldo positivo até o fim de 2025.

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