O shutdown do governo americano, que suspende parte dos gastos públicos federais, chegou nesta segunda-feira (27) à sua quinta semana, aproximando-se de ser a paralisação mais longa já registrada nos Estados Unidos. O bloqueio orçamentário já afeta quase um milhão de servidores, diversos programas de assistência social e até o funcionamento de aeroportos em todo o país.
A paralisação completou 27 dias e já atingiu o pagamento de 900 mil funcionários públicos, entre eles controladores de tráfego aéreo, militares e trabalhadores de aeroportos.
O Departamento de Agricultura (USDA) anunciou que, a partir de 1º de novembro, será suspensa a distribuição da ajuda alimentar federal, afetando programas que garantem alimentação básica a milhões de famílias. O órgão alertou para o risco de insegurança alimentar caso o impasse político em Washington não seja resolvido nos próximos dias.
Os senadores democratas votaram pela 12ª vez contra o financiamento do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP) — principal programa de auxílio alimentar do país. Com o esgotamento dos recursos, nenhum benefício será emitido a partir do início de novembro.
A crise também está atingindo o setor aéreo. Sem receber salários, muitos controladores de tráfego aéreo têm apresentado atestados médicos e buscado outras fontes de renda, o que vem causando atrasos e cancelamentos.
Segundo a secretária de Transportes, Sean Duffy, mais de 3 mil voos sofreram atrasos apenas neste domingo (26). As companhias aéreas e agências de viagens alertam que a redução de pessoal pode comprometer o feriado de Ação de Graças, em 27 de novembro — uma das datas mais movimentadas do país, quando cerca de 80 milhões de americanos costumam viajar, sendo 6 milhões por avião.
Impasse político no Congresso deu início ao shutdown
O shutdown teve início quando, ao atingir o teto de endividamento público federal em 30 de setembro, o Congresso não conseguiu aprovar um novo orçamento para o ano fiscal que começou em 1º de outubro.
Desde então, 12 tentativas de votação fracassaram por falta de acordo entre republicanos, que lideram o governo, e democratas, que exigem a manutenção de investimentos em saúde e educação, áreas que vêm sofrendo cortes na gestão Donald Trump.
Se a paralisação se estender até 6 de novembro, ultrapassará o recorde de 35 dias registrado entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, também durante o primeiro mandato de Trump.
De acordo com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o shutdown está causando prejuízos diários estimados em US$ 15 bilhões à economia americana. O prolongamento do bloqueio ameaça desacelerar a atividade econômica, prejudicar o consumo interno e afetar a confiança de investidores.
Enquanto o governo busca reduzir gastos, a oposição democrata insiste em proteger programas sociais e evitar cortes em áreas consideradas essenciais. O resultado desse impasse definirá não apenas o ritmo da economia, mas também o clima político nos Estados Unidos nas próximas semanas — com reflexos diretos no cotidiano de milhões de cidadãos.