A operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, recebeu aprovação de 64% dos moradores do estado, segundo pesquisa Genial/Quaest. Apesar disso, o episódio — que deixou ao menos 121 mortos — aumentou o medo e a sensação de insegurança entre as pessoas.
A maioria dos entrevistados (52%) relata que, depois do episódio, se sente menos segura e 74% disseram temer retaliações de traficantes. Para 87%, o Rio de Janeiro vive um “clima de guerra”.
Na terça-feira (29), dia principal da incursão da polícia nas favelas, diversos ônibus e carros foram usados para impedir o fluxo das ruas. Escolas e universidades cancelaram as aulas, e a volta para casa para de transporte público gerou tumulto, medo e confusão. Na manhã seguinte, mais de 50 corpos foram encontrados na mata e expostos em uma praça próxima ao local de confronto, somando-se aos 64 mortos registrados no dia anterior.
O estado do Rio foi descrito como parte de uma “guerra” por 87%, e somente 13% discordaram. Outros 51% disseram que as demais grandes cidades brasileiras passam pelo mesmo, afirmação que gerou discordância de 42%.
Mesmo com o temor generalizado, 73% dos entrevistados acreditam que a polícia deve realizar mais operações como a do dia 29 de outubro. Ainda assim, 62% duvidam que o governo estadual consiga combater o crime organizado sozinho.
As pessoas não chegaram a um consenso sobre qual entidade estaria mais habilitada a assumir a tarefa: 31% afirmaram ser o governo federal, 30% fizeram referência aos governos dos estados, 28% sugeriram que a responsabilidade fosse assumida pelo Exército e 11% não souberam responder.
Pesquisa após chacina no Rio
A operação teve maior apoio entre homens (79%) do que entre mulheres (51%), e foi mais bem avaliada por moradores da Baixada Fluminense (73%) e por eleitores de direita (92%), em contraste com os de esquerda (27%).
A ação da polícia também teve percentuais de aprovação superiores entre pessoas de renda familiar média (69%), comparadas aos mais pobres (58%) e aos que recebem mais de cinco salários mínimos (63%).
Entre os entrevistados, no entanto, 48% disseram que as forças policiais estariam mais preparadas em caso de um confronto, enquanto 44% alegaram que as facções sairiam na frente.
A declaração do governador Cláudio Castro de que a operação foi um “sucesso” foi alvo de concordância de 58% dos ouvidos pela Quaest, enquanto 32% viram a situação como um “fracasso”. Um maior percentual (73%) afirmou que a polícia deveria realizar mais ações parecidas no futuro.
A pesquisa ouviu 1.500 pessoas em 40 municípios do Rio entre 30 e 31 de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais.