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Senadores reduzem resistência ao nome de Jorge Messias para o STF

por Bia Abramo
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Por Cleber Lourenço

A resistência ao nome do advogado-geral da União, Jorge Messias, entre senadores, diminuiu nas últimas semanas. Integrantes da base do governo e parlamentares de diferentes partidos avaliam que, se for confirmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Messias deverá enfrentar pouca ou nenhuma oposição na sabatina da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A avaliação é de que o desgaste inicial causado pela percepção de Messias como um nome “do PT” perdeu força. Segundo membros da articulação política do Palácio do Planalto, a aproximação do advogado-geral com parlamentares e sua postura discreta no comando da AGU ajudaram a reduzir resistências. “Ele se apresentou como um técnico, não como militante”, resumiu um interlocutor do governo.

Uma fonte importante no Senado confirmou essa leitura e explicou que o cenário atual não indica rejeição a Messias, mas sim cautela com a indicação de um nome considerado “puro-sangue do PT”.

“Eu acho que não existe [resistência], tá? Acho que, por exemplo, em relação aos partidos aí de centro, eu tenho uma simpatia maior pelo Rodrigo Pacheco. Em relação aos bolsonaristas, resta apenas a rejeição natural a qualquer nome mais puro-sangue do PT. Não vejo sequer risco de rejeição generalizada, se for ele [Messias]”.

Antes de anunciar oficialmente sua escolha, o presidente Lula deve conversar novamente com o senador Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do senado, que defende o nome de Rodrigo Pacheco para o STF. Essa articulação reflete a tentativa do governo de evitar atritos e consolidar uma transição tranquila na Corte.

O presidente Lula e o advogado-geral da União, Jorge Messias (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Messias construiu perfil institucional

Nos bastidores do Senado, até mesmo entre oposicionistas, há o reconhecimento de que Messias construiu uma imagem de perfil institucional, com bom trânsito entre diferentes alas. Parte dos senadores lembra que, nas sabatinas anteriores, nomes mais controversos enfrentaram resistência maior e ainda assim foram aprovados com ampla margem de votos.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou essa semana que “Messias é o favorito ao STF”, reforçando a leitura de que o nome do advogado-geral ganhou força política e apoio entre aliados do Planalto.

A mudança de clima também se deve ao fato de que Lula consultou lideranças partidárias antes de avançar nas discussões sobre a sucessão de Luís Roberto Barroso, aposentado recentemente. O gesto foi visto como uma sinalização de diálogo, o que contribuiu para reduzir o ímpeto de eventuais embates.

Aliados do governo no Senado destacam ainda que Messias é visto como um nome de confiança do presidente, mas que não carrega a imagem de um “soldado político”. Parlamentares da oposição, por sua vez, afirmam reservadamente que não pretendem travar a sabatina, desde que o governo não tente transformar a indicação em demonstração de força política.

Procurado pelo ICL, o ministro Jorge Messias negou os boatos de que seu nome já teria sido confirmado pelo presidente Lula e afirmou que não recebeu nenhum convite para integrar o Supremo. Ele disse que continua focado na Advocacia-Geral da União (AGU).

O Palácio do Planalto mantém discrição sobre os prazos, mas a tendência é que a escolha seja confirmada nos próximos dias.

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