Casa EconomiaSem Netanyahu e Hamas, líderes mundiais assinam acordo de cessar-fogo em Gaza

Sem Netanyahu e Hamas, líderes mundiais assinam acordo de cessar-fogo em Gaza

por Gabriel Anjos
0 comentários
sem-netanyahu-e-hamas,-lideres-mundiais-assinam-acordo-de-cessar-fogo-em-gaza

Líderes de diversos países do mundo assinaram nesta segunda-feira (13), no Egito, um acordo para oficializar o cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza. Representantes de Israel e do Hamas, dois lados do conflito, não estiveram presentes. A assinatura ocorreu em uma cúpula de paz, na cidade egípcia de Sharm El-Sheik.

Na cúpula, os líderes discutirão os próximos passos do acordo de paz em Gaza, cuja primeira fase já havia sido assinada por negociadores de Israel e do Hamas na semana passada. A cúpula selou o acordo do cessar-fogo sugerido por Donald Trump e acordado entre negociadores de Israel e Hamas. O encontro tem como objetivo também negociar uma segunda etapa de implementação do plano de Trump.

Na manhã desta segunda, o Hamas libertou os 20 últimos reféns israelenses que ainda estavam sob seu poder em Gaza.

“Juntos, conseguimos fazer o que todos disseram que era impossível. As pessoas não acreditariam que conseguiríamos a paz no Oriente Médio (…) Agora, a reconstrução [de Gaza] começa”, afirmou Trump, após a assinatura do acordo.

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina junto com outros líderes mundiais acordo de cessar-fogo em Gaza durante cúpula no Egito. (Foto: REUTERS/Suzanne Plunkett)

Líderes mundiais

Mais de 20 líderes mundiais se reunirão nessa cúpula de paz no Egito. Entre eles, estão: o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani; o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan; o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas; o presidente do Egito, Abdul Fatah Al Sisi; o premiê do Reino Unido, Keir Starmer; o presidente da França, Emmanuel Macron.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi convidado para a cúpula, mas negou o convite, alegando que a reunião ocorre em um feriado judaico.

Trump diz querer ditador do Egito em conselho para governar Gaza

Antes da cúpula, Donald Trump fez uma parada em Israel, onde discursou sobre o fim do conflito no Parlamento. Em seguida, por volta das 10h30 de Brasília, Trump embarcou rumo ao país árabe. Ele desembarcou cerca de uma hora depois e foi recebido pelo ditador do Egito, Abdel Fatah Al-Sisi.

Trump afirmou que deseja que o líder egípcio integre um conselho para governar Gaza. O americano agradeceu a Al-Sisi por ter desempenhado um papel “muito importante” no acordo de cessar-fogo.

“Sempre estive muito confiante de que o senhor, apenas o senhor, seria capaz de alcançar essa conquista e encerrar a guerra”, respondeu Abdel Fatah Al-Sisi.

O primeiro-ministro da Holanda, Dick Schoof, chegou à cúpula e disse estar “confiante” de que a conferência poderia levar ao fim da guerra em Gaza. Ele também acrescentou que a União Europeia continuará a aplicar sanções contra Israel para garantir que o cessar-fogo inicial seja mantido.

O acordo de paz é baseado em um plano de 20 pontos proposto por Trump. Com a libertação dos reféns e dos prisioneiros, a cúpula discutirá as próximas fases do acordo. Os mediadores ainda enfrentam a difícil tarefa de garantir uma solução política de longo prazo e ainda precisam definir algumas questões delicadas que levaram ao fracasso de tentativas de paz anteriores.

Um dos principais impasses ao longo dos dois anos de guerra na Faixa de Gaza foi em relação ao desarmamento do Hamas. Netanyahu sempre afirmou que o objetivo do conflito era aniquilar o grupo terrorista, que por sua vez nega entregar as armas sem a criação de um Estado palestino.

Outras questões ainda em aberto são a governança de Gaza — a proposta de Trump é estabelecer uma autoridade de transição liderada por ele mesmo — e a reconstrução do território, devastado por bombardeios israelenses praticamente diários nesses dois anos.

Reféns libertados

Os 20 reféns israelenses vivos que ainda estavam sob poder do grupo Hamas foram libertados após mais de dois anos de cativeiro, na madrugada desta segunda-feira (13). A operação faz parte do acordo de cessar-fogo assinado entre Israel e o Hamas.

Na quarta-feira (8), Israel e o Hamas anunciaram um plano de paz para interromper a guerra na Faixa de Gaza. Pelo acordo, o grupo se comprometeu a libertar todos os reféns vivos e a devolver os restos mortais das vítimas que morreram. O Hamas tinha até as 6h desta segunda-feira, pelo horário de Brasília, para concluir a libertação. O grupo pediu mais tempo para localizar todos os corpos dos reféns mortos.

Ainda não há prazo para que todos os corpos sejam devolvidos.

Plano

O plano apresentado pelo governo dos Estados Unidos prevê o território como uma zona livre de grupos armados. Integrantes do Hamas podem receber anistia, desde que entreguem suas armas e se comprometam com a convivência pacífica. Israel libertaria prisioneiros, enquanto o Hamas entregaria todos os reféns em seu poder. A troca incluiria também restos mortais de ambas as partes.

O acordo prevê a entrada imediata de alimentos, água, energia e insumos hospitalares, além de materiais para recuperação da infraestrutura. Equipamentos para remoção de escombros e reabertura de estradas seriam autorizados. A distribuição ficaria sob responsabilidade da ONU, do Crescente Vermelho e de outras organizações neutras.

Um comitê palestino de perfil técnico e apolítico assumiria temporariamente a administração local, sob supervisão de um “Conselho da Paz”, presidido por Donald Trump. O objetivo seria preparar a transição para o retorno da Autoridade Palestina, após reformas institucionais.

Palestinos encontram Cidade de Gaza devastada antes que Hamas comece a libertar reféns. (Foto: AFP)

Toda a infraestrutura militar e a rede de túneis do Hamas seriam desmanteladas sob monitoramento internacional. Combatentes poderiam entregar suas armas em troca de anistia. Aqueles que optassem por deixar Gaza teriam passagem segura para outros países.

Uma Força Internacional de Estabilização treinaria a polícia palestina. Israel faria uma retirada gradual, mantendo apenas um perímetro de segurança temporário. O plano também prevê um caminho para a autodeterminação palestina e a construção de uma coexistência pacífica na região.

O plano prevê ainda a libertação de todos os reféns israelenses que estão sob o poder do Hamas em até 72 horas após a aceitação da proposta. Em contrapartida, Israel libertaria mais de 1.900 prisioneiros palestinos, incluindo 250 que receberam penas de prisão perpétua.

Ainda de acordo com a proposta, a ajuda humanitária seria ampliada imediatamente, com entrada de alimentos, medicamentos e materiais para reconstrução. A distribuição seria feita pela ONU, pelo Crescente Vermelho e por outras entidades internacionais.

você pode gostar