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Relembre quem votou a favor da PEC da Bandidagem: André Fernandes

por Laura Kotscho
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Por Laura Kotscho 

A conhecida PEC da Blindagem foi oficialmente arquivada no último dia 24 de setembro pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A decisão veio poucas horas após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) rejeitar, por unanimidade, a proposta que buscava ampliar a proteção de parlamentares diante da Justiça.

Apelidada de “PEC da Bandidagem” pela população brasileira, a medida previa que o Supremo Tribunal Federal (STF) só poderia investigar deputados e senadores com autorização do próprio Congresso. O texto havia sido aprovado na Câmara dos Deputados em 16 de setembro, com 344 votos favoráveis e apenas 133 contrários.

A reação popular foi imediata. Após a votação, as redes sociais foram tomadas por críticas, e no dia 21 de setembro, a indignação se transformou em mobilizações nas ruas de todo o país. Os protestos ecoaram palavras de ordem como “sem anistia”, “fora Hugo Motta” e “PEC da Bandidagem, não!”. Diante da pressão popular, o Senado recuou e enterrou a proposta de vez.

O ICL Notícias traz uma série especial para relembrar alguns dos parlamentares que votaram a favor da PEC na Câmara. O quinto nome da lista é o do deputado federal André Fernandes (PL-CE)

André Fernandes (PL-CE)

André Fernandes é um youtuber e político brasileiro, assim consta em sua biografia online. Apesar de estar apenas em seu segundo mandato como deputado federal, Fernandes já coleciona polêmicas e enfrenta acusações de calúnia, injúria e propagação de informações falsas por parte de seus colegas de profissão.

O cearense de 27 anos ficou conhecido por parte dos brasileiros a partir dos vídeos — teoricamente humorísticos — que publicava no Youtube e no Facebook, classificados por ele mesmo como de “zoeira e comédia”.

Os sinais de que André Fernandes seguiria carreira no Congresso Nacional, porém, começaram a surgir quando ele passou a trocar os vídeos de “zoeira” por conteúdos políticos. Em 2016, o então youtuber se posicionou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Mais tarde, passou a admirar Jair Bolsonaro, largou o canal, e inspirou-se no capitão para disputar as eleições cearenses de 2018, como deputado estadual pelo PSL — hoje União Brasil. Tanto André, quanto Bolsonaro saíram vitoriosos naquele ano pelo partido.

André Fernandes com o ex-presidente Jair Bolsonaro

Logo no primeiro ano de mandato na Assembleia Legislativa do Estado Ceará (ALECE), o parlamentar foi condenado a indenizar o colega de tribuna, Nezinho Farias (PDT) por espalhar a falsa informação de que o pedetista estaria envolvido com facções criminosas. Mas ele não parou por aí. O então governador do estado, Camilo Santana, entrou com representação criminal contra Fernandes, acusando-o de calúnia, difamação e injúria.

No mesmo ano, 2019, o deputado espalhou desinformação sobre o trabalho do secretário de saúde do Estado à época, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, conhecido como Dr. Cabeto, no combate à covid. Como resultado, o político se tornou alvo de um abaixo-assinado enviado por médicos à ALECE, que solicitavam a cassação de seu mandato pela divulgação de fake news sobre a situação da saúde cearense.

Para encerrar aquele ano, o político publicou em suas redes sociais uma foto na qual imitava Adolf Hitler. Em uma sequência de imagens tirando a barba, André Fernandes exibiu o famoso bigode do ditador, além de fazer uma saudação nazista.

Reprodução/Rede social

Seguidor de Bolsonaro

Apesar dos escândalos, Fernandes continuou na vida pública. A admiração por Bolsonaro era tanta, que o então deputado estadual avisou aos seguidores fiéis que deixaria o PSL para acompanhá-lo na criação de um novo partido: o Aliança Pelo Brasil. Foi um fracasso. Mesmo com eleitores mortos na lista de apoiadores, a legenda não conseguiu reunir assinaturas o suficiente para ser fundada. O político, então, ingressou no Partido Liberal, onde foi bem recebido pelos correligionários.

A partir daí, o currículo de André Fernandes só se expandiu em controvérsias. Em 2021, ele foi condenado em primeira instância por danos morais ao afirmar que a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, “oferecia sexo em troca de alguma matéria para prejudicar o Presidente Jair Bolsonaro”.

Ascensão e contradição

Já em 2023, André Fernandes subiu de patamar: tornou-se deputado federal e se mudou pra Brasília. Uma de suas primeiras iniciativas no novo cargo foi criar a CPMI do Golpe do 8 de janeiro — que poderia ser considerada uma contribuição positiva para o país, se fosse possível interpretá-la dessa forma. No entanto, o tiro saiu pela culatra.

A comissão parlamentar de inquérito revelou o envolvimento de diversos correligionários de Fernandes no ataque à Praça dos Três Poderes, inclusive do próprio político: a Polícia Federal concluiu que autor do pedido de CPMI dos Atos Golpistas também foi responsável por incitar atos antidemocráticos. As provas estavam todas disponíveis na internet.

Em uma das mensagens divulgadas em 6 de janeiro de 2023, André Fernandes convocou os seguidores para um “Ato contra o governo Lula” em Brasília. Em outra postagem, publicou uma foto da porta de um armário da sala do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, arrancada por vândalos, com a legenda: “Quem rir, vai preso”. Meses depois, a Procuradoria-Geral da República pediu o arquivamento do caso.

Minimizando a violência

Em 2024, já com alguma experiência na carreira política, André Fernandes apostou alto: lançou-se candidato a prefeito de Fortaleza pelo PL. Durante a campanha, opositores divulgaram um vídeo no qual o então candidato menospreza dados sobre feminicídios:

“Ah, mas o feminicídio… aqui no Brasil, tantas mulheres morrem por dia. Ah, dane-se! E quantos homens morrem por dia?”, disse de forma despreocupada. No mesmo ano, o Brasil registrou 1.492 feminicídios, o que equivale a uma média de quatro mulheres mortas por dia, atingindo o maior número desde o início da tipificação do crime, em 2015.

Mesmo assim, Fernandes quase venceu. Em disputa acirrada, perdeu a cadeira de prefeito da capital cearense para Evandro Leitão (PT) por menos de 1% dos votos válidos. De volta à Brasília, ele segue com seu mandato como deputado federal.

Veja outros deputados relembrados pela série:

  • Gustavo Gayer (PL-GO)
  • Nikolas Ferreira (PL-MG)
  • Bia Kicis (PL-DF)
  • Arthur Lira (PP-AL)

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