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Racismo à brasileira

por Ivanir dos Santos
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Casos de racismo acontecem cotidianamente em nossa sociedade. No início do mês, na cidade de Juiz de Fora, dois casos ganharam repercussão na mídia local e nacional.

O primeiro aconteceu durante uma partida do campeonato mineiro de voleibol. Durante o terceiro set, o disputa entre o JFVolei e MOC Vôlei, o técnico do MOC Vôlei foi chamado de “macaco” por um torcedor adversário.

O segundo caso aconteceu em faculdade particular de Juiz de Fora. Um aluno do curso de Odontologia denunciou uma colega por injúria racial.

Casos como esses revelam que, ao contrário do que ainda é veiculado, o Brasil não é um país cordial, não é um país onde paira a democracia racial e religiosa e nem muito menos um país da tolerância e do respeito.

Como bem é possível compreender, através das literaturas especializadas sobre as relações raciais no Brasil, o racismo, e aqui especificamos “à brasileira”, ensinou para a nossa sociedade, e também para o resto do mundo, que os nossos corpos pretos são passíveis de qualquer tipo de violência, seja ela física, psicológica e/ou patrimonial.

E é esse mesmo racismo que fabricou as narrativas históricas distorcidas sobre as relações de cordialidade e igualdade do Brasil com os países africanos, principalmente países que a sociedade brasileira escravista teve outrora uma relação de tráfico de pessoas pretas vindas na condição de escravizados.

Uma necropolítica racionalizadora, se assim podemos dizer e pontuar, que se alimenta da exaltação do passado colonial e inviabiliza os nossos lugares e direitos dentro da sociedade brasileira.

Fica cada vez mais difícil, para pessoas pretas, darmos os próximos passos se as estruturas racistas continuam nos matando.

*Prof. Dr. Ivanir dos Santos é orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ;

Conselheiro Estratégico do CEAP;

Autor e idealizador da série Resistência Negra, da Globoplay

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