Casa EconomiaQuase 40 milhões de brasileiros apostaram em bets nos últimos 12 meses, aponta pesquisa

Quase 40 milhões de brasileiros apostaram em bets nos últimos 12 meses, aponta pesquisa

por Adriana Cardoso
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A popularização das bets transformou o Brasil em um dos maiores mercados de apostas online no mundo. De acordo com levantamento realizado pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), 39,5 milhões de brasileiros apostaram na internet nos últimos 12 meses — o equivalente a um terço dos consumidores digitais.

Mais da metade dos entrevistados (54%) declarou ter feito apostas esportivas, enquanto cassinos virtuais e outros jogos de azar também conquistam espaço. Um em cada quatro brasileiros joga semanalmente, e 11% apostam todos os dias, segundo o estudo.

A pesquisa também aponta que 19% dos apostadores — cerca de 7,5 milhões de pessoas — comprometeram parte da renda com bets, e 41% renunciaram a algum tipo de consumo para continuar jogando.

O endividamento é uma realidade para muitos: 17% deixaram de pagar contas para apostar e 29% já tiveram o nome negativado por dívidas ligadas aos jogos.

Gasto médio mensal com bets chega a R$ 187

O gasto médio mensal com apostas chega a R$ 187, mas varia conforme a classe social. Nas classes C, D e E, o valor médio é de R$ 151,98, enquanto nas classes A e B chega a R$ 255,22.

Além do impacto financeiro, o estudo revela que 28% dos apostadores relatam efeitos negativos na vida pessoal: irritação, conflitos familiares e sintomas de ansiedade e depressão aparecem entre os principais problemas. A produtividade no trabalho ou nos estudos caiu para 7% dos entrevistados.

O presidente da CNDL, José César da Costa, alerta que o avanço das bets representa “um problema social e econômico em expansão”. Para ele, é essencial que a regulamentação do setor priorize a proteção do consumidor, especialmente de jovens e famílias, e não apenas o aumento da arrecadação.

Costa defende políticas públicas que tratam o vício em jogos como uma doença e que imponham limites à publicidade e aos meios de pagamento.

Regulamentação e percepção pública das bets

A pesquisa mostra que a maioria dos brasileiros vê com desconfiança a publicidade das plataformas de apostas. Seis em cada dez entrevistados consideram negativo o uso de celebridades e influenciadores digitais em campanhas do setor, e 41% afirmam ter deixado de seguir criadores de conteúdo que divulgam casas de aposta.

Entre as medidas mais defendidas pelos consumidores estão campanhas de conscientização sobre o vício (44%), restrição da publicidade para jovens (35%) e maior fiscalização e tributação do setor (27%).

Apesar da popularidade das bets, 37% defendem sua proibição total, enquanto 56% preferem que a prática continue permitida, mas sob regras mais rígidas.

O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, reforça o alerta: “Para muitos, as apostas deixaram de ser um hobby e viraram uma armadilha”. Ele destaca que o uso de cartão de crédito e o fácil acesso a empréstimos para apostar ampliam o risco de endividamento. “É crucial que sociedade e governo atuem juntos para evitar que o crescimento do setor comprometa a saúde financeira das famílias”, conclui.

A pesquisa foi realizada entre 13 e 25 de junho de 2025, com 800 consumidores de todas as classes econômicas que realizaram compras online no último ano.

ICL fez documentário sobre bets

O ICL (Instituto Conhecimento Liberta) vem alertando há tempos sobre o perigo das bets. O instituto realizou a série documental “Bets: o jogo sujo que ninguém comenta”, mostrando o perigo para a saúde pública causado pelas apostas online. Para assisti-la, clique aqui.

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