Casa EconomiaPostos com marca do Corinthians pertencem a alvos da maior operação contra o PCC

Postos com marca do Corinthians pertencem a alvos da maior operação contra o PCC

por Felipe Rabioglio
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Três postos que usam a marca oficial do Corinthians estão registrados na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em nome de empresários investigados pela Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto e considerada a maior ação já realizada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). Os estabelecimentos, todos na zona leste de São Paulo, continuam operando com a identidade visual do clube, que afirma ter apenas licenciado o uso da marca e acompanhar as investigações.

De acordo com o levantamento do g1, os três postos:

Auto Posto Mega Líder Ltda – Avenida Líder, 2000 (Cidade Líder);

Auto Posto Mega Líder 2 Sociedade Unipessoal Ltda – Avenida São Miguel, 6337 (Vila Norma);

Auto Posto Rivelino Ltda – Avenida Padre Estanislau de Campos, 151 (Conjunto Habitacional Padre Manoel da Nóbrega).

Estão cadastrados na ANP como pertencentes a Pedro Furtado Gouveia Neto, Himad Abdallah Mourad e Luiz Ernesto Franco Monegatto, alvos da operação conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Nenhum deles tem vínculo formal com o Corinthians, que não é citado na investigação.

O clube informou, em nota, que os estabelecimentos são administrados por uma empresa licenciada para o uso da marca e que poderá adotar medidas jurídicas caso sejam confirmadas irregularidades. “O Corinthians acompanha com máxima atenção o andamento das investigações para — se necessário — tomar as medidas cabíveis”, disse em comunicado.

Nenhum dos postos tem vínculo formal com o Corinthians, que não é citado na investigação (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

251 postos sob suspeita

A Operação Carbono Oculto identificou ao menos 251 postos de combustíveis ligados a 16 investigados em quatro estados. O grupo seria chefiado por Mohamad Hussein Mourad, apontado pela Justiça como figura central em um esquema de lavagem de dinheiro, fraudes tributárias e estelionato, movimentando mais de R$ 8,4 bilhões.

Segundo os investigadores, Himad Mourad, primo de Mohamad, aparece como sócio de 103 postos ligados ao núcleo familiar e empresarial da organização. Já Pedro Furtado Gouveia Neto é citado como representante da empresa GGX Global, responsável por serviços administrativos do grupo, enquanto Luiz Ernesto Monegatto teria atuado em transações imobiliárias e na gestão de outros postos vinculados ao esquema.

Todos foram alvos de mandados de busca e apreensão — pessoais, veiculares e em endereços comerciais. Nenhum dos três se manifestou publicamente sobre o caso até o momento.

Marca Corinthians e contratos de licenciamento

Os postos que utilizam a marca “Posto Corinthians” foram divulgados oficialmente pelo clube entre 2021 e 2023, durante a gestão do então presidente Duilio Monteiro Alves. Segundo ele, o contrato de licenciamento da marca já existia antes de sua posse, e os aditivos firmados em sua gestão “passaram pelos órgãos competentes do clube e pelas agências fiscalizadoras federais”.

O contrato, assinado em 30 de abril de 2021, prevê a sublicença das unidades até novembro de 2025. Duilio afirma que há cláusulas de responsabilização que garantem ressarcimento ao clube em caso de danos à imagem institucional.

Irregularidades nos registros

Um dos estabelecimentos, o Auto Posto Mega Líder, aparece com divergência nos cadastros: na Receita Federal, está registrado como Auto Posto Mega Líder Ltda.; já na ANP, o nome vinculado é Auto Posto Timão Ltda. A ANP informou que a diferença entre as bases caracteriza irregularidade e que notificará as empresas para atualização dos dados. Se não houver correção, poderá ser aberto processo administrativo que leve à revogação da autorização de funcionamento.

MP-SP investiga relação da facção com o clube

Além dos contratos de licenciamento, o Ministério Público de São Paulo investiga possível infiltração do PCC em antigas gestões do Corinthians, segundo revelou o portal ge. A apuração envolve o aluguel de imóveis pertencentes a um suposto membro da facção, usados por jogadores do time, além de notas fiscais de abastecimento em postos associados a investigados da operação.

Entre os estabelecimentos citados está o Auto Posto Gold Star, localizado próximo ao Parque São Jorge, sede do clube, e listado entre os 251 postos sob suspeita.

O Corinthians reiterou que não possui qualquer envolvimento com os investigados e que aguarda o desenrolar das apurações para definir eventuais ações jurídicas.

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