Casa EconomiaPGR pede condenação de kids pretos: ‘Puseram autoridades na mira de medidas letais’

PGR pede condenação de kids pretos: ‘Puseram autoridades na mira de medidas letais’

por Ayam Fonseca
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Por Cézar Feitoza

(Folhapress) – O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, pediu nesta terça-feira (11) a condenação dos réus integrantes do núcleo militar da trama golpista. Segundo o ministro, o grupo foi o responsável pelas ações táticas da tentativa de golpe de Estado.

O grupo é composto por um policial federal e nove militares, a maioria destes oficiais do Exército com formação em forças especiais — os chamados “kids pretos”.

“Integrantes desse núcleo pressionaram agressivamente o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe de Estado, puseram autoridades públicas na mira de medidas letais e se dispuseram a congregar forças militares terrestres ao serviço dos intentos criminosos”, disse o chefe da PGR (Procuradoria-Geral da República).

Gonet afirmou que os militares do grupo sabiam que a narrativa de fraude nas urnas eletrônicas não era verdadeira, mas prosseguiram com a difusão de informações falsas para angariar apoio popular à ruptura democrática.

As declarações foram dadas por Gonet durante sua sustentação oral na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal).

O que disse a PGR

Em seu tempo para reforçar a acusação, o chefe da PGR afirmou que a reunião dos militares com formação em Operações Especiais no fim de novembro de 2022 não pode ser considerada como um encontro de amigos.

Segundo Gonet, o encontro discutiu “pormenorizadamente manobras de tomada de poder por meios heterodoxos, valendo-se das armas, com planejamento escrito em esquemas gráficos de compromissos de cada qual e de outros militares a serem cooptados”.

Ele se referia a mensagens trocadas entre os militares que participaram da reunião num salão de festas em Brasília, no dia 28 de novembro de 2022.

O delator Mauro Cid e os militares envolvidos na reunião afirmaram que o encontro foi informal, uma “conversa de bar”. Eles teriam aproveitado que o Alto Comando do Exército estava reunido em Brasília para juntar os assistentes dos generais em uma confraternização entre amigos.

O procurador, porém, disse que a investigação revelou que a reunião foi crucial para os intentos golpistas de Bolsonaro e seus aliados.

“Os participantes não se juntaram ali para celebrar os vínculos da amizade. Reuniram-se em função das posições estratégicas que detinham, na qualidade de assistentes de comandantes, a quem endereçariam os seus esforços de persuasão para integrarem o intento golpista”, completou.

O único réu que foi ao Supremo para acompanhar o julgamento, nesta terça, foi o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo. Ele está preso em um quartel do Exército, em Brasília, há 12 meses.

Azevedo teve pedidos de soltura negados pelo ministro Alexandre de Moraes.

Azevedo é acusado de, sob o codinome “Brasil”, executar um plano para neutralizar Moraes. A operação teria ocorrido em Brasília, em 15 de dezembro de 2022. A PGR não conseguiu provas de que o militar estava em Brasília no dia do ataque planejado ao ministro do Supremo.

A defesa argumenta que o tenente-coronel estava em Goiânia (GO) no dia 15 de dezembro, data de seu aniversário, como mostram documentos apresentados no processo.

PGR aponta que Bolsonaro recebeu plano golpista de “kids pretos” para sequestrar e matar autoridades antes da posse (Foto: Reprodução)

O núcleo julgado a partir desta terça tem como réus também Bernardo Romão Correa Neto (coronel da reserva), Estevam Theophilo (general da reserva), Fabrício Moreira de Bastos (coronel), Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel), Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel da reserva), Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel), Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel), Sérgio Ricardo Cavaliere (tenente-coronel da reserva) e Wladimir Matos Soares (policial federal).

Nove deles respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, deterioração do patrimônio público e dano ao patrimônio tombado.

No caso do tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior, o procurador-geral Paulo Gonet afirmou, em alegações finais, não haver provas suficientes para sua acusação pelos cinco crimes.

A PGR pediu que a acusação contra o militar seja rebaixada e que ele responda somente por incitação ao crime. A justificativa é que o militar não participou de reuniões golpistas, mas espalhou informações falsas sobre fraudes no processo eleitoral para incitar as Forças Armadas à ruptura democrática.

Julgamento

Nesta semana, o julgamento deve ficar restrito à leitura do relatório de Moraes e às sustentações orais da acusação e das defesas dos dez réus.

O procurador-geral Paulo Gonet terá duas horas para apresentar as razões para a condenação dos réus pelos crimes contra a democracia. Depois, cada defesa terá uma hora para demonstrar a inocência de seus clientes.

O julgamento será retomado na próxima semana, nos dias 18 e 19 de novembro, para os votos dos ministros. O primeiro a falar será o ministro-relator Alexandre de Moraes. A ordem segue com Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino (presidente).

O ministro Luiz Fux não participa do julgamento. Único a votar pela absolvição dos réus da trama golpista, ele deixou a Primeira Turma em outubro e não formalizou à presidência do Supremo o desejo manifestado no plenário de manter seu direito a voto nos processos sobre a trama golpista.

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