Casa EconomiaPF prende amigo de prefeito de Sorocaba por depósitos suspeitos de R$ 237 mil

PF prende amigo de prefeito de Sorocaba por depósitos suspeitos de R$ 237 mil

por Schirlei Alves
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Por André Fleury Moraes e Francisco Lima Neto

(Folhapress) — O empresário Marcos Silva Mott depositou R$ 237 mil em notas de R$ 2, R$ 5, R$ 10 e R$ 20 que, segundo relatório de inteligência financeira, estavam úmidas, mofadas ou tinham mau cheiro. Os valores caíram em contas bancárias de empresas em nome dele que serviram, segundo Polícia Federal, para ocultar recursos desviados da Saúde em Sorocaba, no interior de São Paulo.

Mott foi preso nesta quinta-feira (6) na segunda fase da Operação Copia e Cola, que apura desvios na gestão do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), afastado do cargo também nesta quinta, no âmbito da mesma investigação. Ele e Manga são amigos próximos, aponta a PF.

O estado das notas depositadas, em 2021 e 2022, diz trecho do inquérito, indica “acondicionamento por certo tempo de maneira inadequada, sugerindo a ilicitude de sua origem”.

A operação apura suspeitas de corrupção ativa e passiva, peculato (desvio de dinheiro público), fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa. O empresário é apontado como suposto operador do esquema.

À Folha de S.Paulo advogados de Mott afirmaram que a prisão é desnecessária e se deve a conjecturas e suposições da PF. “Ele sempre esteve à disposição das autoridades e já prestou esclarecimentos iniciais. Desse modo, traremos esses pontos ao tribunal, que poderá compreender melhor os fatos.”

A defesa de Manga, por sua vez, disse que a operação é nula. Em nota assinada por seis advogados, o escritório Bialski afirmou ser “indiscutivelmente temerário o afastamento do prefeito baseado em ilações sobre supostas irregularidades investigadas”. A defesa diz também que a Justiça Federal não é competente para analisar o caso.

“Os supostos fatos remontam ao ano de 2021, o que demonstra ausência de qualquer contemporaneidade capaz de colocar em risco a continuidade do exercício do legítimo mandato do chefe do Executivo. Mandato este, inclusive, conquistado nas urnas, de forma legítima e maciça”, continuou.

Parte do valor depositado em contas de empresas de Mott foi enviado a uma outra empresa, a 2M Comunicação e Assessoria, registrada em nome de Sirlange Maganhato, mulher de Manga.

“Verificou-se que a conta corrente da empresa 2M, pertencente à esposa do prefeito Rodrigo Maganhato, recebeu de Marco Silva Mott e de sua empresa a quantia R$ 214.076,00, em período compatível com os inúmeros depósitos em espécie que foram feitos na conta de Marco Mott por ele próprio”, afirma trecho da investigação.

“O recebimento de valores mensais pela empresa de Sirlange, a partir da conta corrente de Marco Mott, aparentemente não mostra relação com o ramo de atuação da empresa da investigada, qual seja, exploração do ramo de edição de jornais diários”, acrescenta.

Procurada pela Folha de S.Paulo, a defesa de Sirlange não respondeu até a publicação desta reportagem.

A investigação aponta também negociações imobiliárias suspeitas feitas pela mulher de Manga. O casal comprou, por exemplo, uma casa em condomínio fechado por R$ 1,5 milhão e pagou R$ 182 mil em espécie a título de entrada.

Houve também a aquisição de um apartamento em Votorantim que, segundo a escritura, foi comprado pela mãe do agora prefeito afastado e doado no mesmo dia da aquisição à mulher de Manga. A mãe dele não é investigada no caso.

A PF contesta o valor e as circunstâncias da negociação. A escritura diz que a mãe do político pagou R$ 55 mil pelo imóvel, mas avaliações indicam que o apartamento vale mais de R$ 200 mil. “A autoridade policial considera o valor irreal, fora do mercado”, diz relatório da PF a que a Folha de S.Paulo teve acesso.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa da mãe de Manga.

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