Os preços do petróleo registraram alta expressiva de cerca de 5% nesta quinta-feira (23), após os Estados Unidos anunciarem sanções contra as principais empresas petrolíferas russas Rosneft e Lukoil. Os futuros do petróleo Brent subiram 4,65%, chegando a US$ 65,53 por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) avançou 5%, cotado a US$ 61,49, por volta das 9h25 (horário de Brasília).
As restrições americanas ampliam os desafios para grandes compradores do petróleo russo, como China e Índia, que agora precisam buscar fornecedores alternativos para evitar exclusão do sistema bancário ocidental.
Além dos EUA, a Grã-Bretanha sancionou as mesmas empresas na semana passada, enquanto a União Europeia aprovou um novo pacote de sanções que inclui a proibição das importações de Gás Natural Liquefeito (GNL) da Rússia.
O mercado de petróleo Brent entrou em “backwardation”, condição em que o preço à vista supera os contratos futuros, refletindo preocupações imediatas sobre oferta.
O UBS projeta que o Brent deve oscilar entre US$ 60 e US$ 70 por barril nas próximas semanas.
Reações de grandes importadores de petróleo
Logo após o anúncio das sanções, os preços subiram mais de US$ 2 por barril, impulsionados também por uma queda inesperada nos estoques dos EUA. No entanto, o efeito a médio e longo prazo das medidas dependerá da reação da Índia e da capacidade da Rússia em redirecionar suas exportações para novos mercados.
A Índia, que se tornou o maior comprador de petróleo russo por via marítima com descontos após o início da guerra, sinalizou redução significativa dessas compras. Fontes do setor indicam que a Reliance Industries, maior importadora indiana de petróleo russo, planeja diminuir ou até suspender as aquisições.
Apesar dessas movimentações, analistas veem com ceticismo a eficácia das sanções, uma vez que o histórico mostra que elas não conseguiram afetar os volumes produzidos pela Rússia ou as receitas do petróleo.
Adicionalmente, os ganhos dos preços foram moderados pelo receio de excesso de oferta, especialmente após o aumento recente da produção pela Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais aliados).