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Paulinho da Força, Aécio e Temer entram num bar…

por Xico Sa
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Um homem, um cachorro e um robô entram num bar… Não, essa é quase plágio de “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, o livro de Douglas Adams. Próxima.

“A Doença, o Sofrimento e a Morte entram num bar”… Ah, essa é transatlântica, todo mundo sabe, o Ricardo Araújo Pereira já contou em uma obra exemplar. Recomendo.

O filósofo Renée Descartes e um cavalo entram num bar… O cavalo pede uma cerveja. O resto você já sabe que é aquela zorra toda sobre a tirada filosófica mais famosa do mundo — “penso, logo existo”. Agora é pra valer.

Paulinho da Força, Aécio Neves e Michel Temer entram num bar em Brasília. Pode ser o mesmo onde bebiam Eduardo e Mônica.

Esquece. Prefiro o velho e inoxidável Beirute.

Paulinho, Aécio e Temer confirmam ao garçom, em uníssono:

— O de sempre.

— Com Supremo com tudo — acrescenta o ex-presidente.

Aécio vai ao banheiro.

Paulinho vai de mesa em mesa para vender um bolão parecido com aquele que promoveu na queda da Dilma — agora, em vez de acertar “o dia do Impeachment”, o freguês precisa dizer quantos votos terá na Câmara o PL da Anistia, por suposto.

— Verba volant, scripta manent — Temer recita antes do brinde.

Mais uma rodada.

— Capricha na dosimetria — pede Paulinho ao garçom.

— Vai uma linguicinha Seara de aperitivo? — oferece o gentil dono do boteco.

— Vade retro, diaboli — repudia Temer, com a mãozinha direita rabiscando a língua de sinais nosferáticos no ar.  — Essa iguaria é da JBS, repilo veementemente, ad nauseam!

— Surpreenda-se com a Seara, meu líder — sacaneia Paulinho, lembrando um slogan da publicidade.

O ex-sindicalista ainda lembra a bronca jurídica que foi aquela doação de campanha milionária do chapa Joesley, mas não perde a piada.

— Omnibus rebus tempus est, etiam lusui [para todas as coisas há tempo, até para a brincadeira] — repreende Temer, com ares de um Catão chateado nos tempos da República Romana.

— Não queria ofender, desculpa aí o chulo humor sindical, excelência.

— Dimissa sunt tibi peccata [teus pecados estão perdoados] — amacia Temer.

— Ao que interessa, presidente: vamos anistiar geral, data vênia, a ralé que tocou o terror no 8 de janeiro?

— Nihil obstare, meu nobre.

— Só não vai Jair? — pergunta  Paulinho.

— Tem que manter isso, viu? — Temer diz, quase no piloto automático.

Aecinho volta do banheiro.

Desce o pano.

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