Uma reforma controversa que permite jornadas de trabalho de até 13 horas em circunstâncias excepcionais, foi aprovada pelo Parlamento da Grécia, nesta quinta-feira (16), em decisão que gerou intensa polêmica no país.
O projeto de lei, proposto pelo governo conservador de Kyriákos Mitsotákis, foi debatido pelos deputados durante dois dias e enfrenta duras críticas de sindicatos e partidos de oposição. Os sindicatos organizaram duas greves gerais neste mês, incluindo uma na terça-feira (14), quando milhares de trabalhadores saíram às ruas para protestar contra a medida, que o partido de esquerda Syriza classificou como “digna da Idade Média”.
O Syriza se recusou a participar da votação, e o porta-voz Christos Giannoulis chamou o projeto de “monstruosidade legislativa”. Apesar disso, o governo argumenta que a jornada de 13 horas é opcional, limitada ao setor privado e pode ser aplicada por até 37 dias por ano.
Greve geral na Grécia feita na quarta-feira (14) contra a jornada de 13 horas de trabalho (Foto: Sakis Mitrolidis / AFP)
Críticos sobre a aprovação
Os críticos, no entanto, alertam que trabalhadores que se recusarem a cumprir horas extras podem enfrentar risco de demissão, tornando a medida coercitiva na prática. A reforma permite que um trabalhador atue por mais tempo para um único empregador, embora aqueles com múltiplos empregos já pudessem estender suas jornadas.
A medida ocorre em um contexto econômico em recuperação após a grande crise financeira, mas marcado por salários ainda baixos. De acordo com dados da Eurostat, os gregos trabalham em média 39,8 horas por semana, acima da média da União Europeia, que é de 35,8 horas.