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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta segunda-feira (6) que participou de uma videoconferência pela manhã entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O encontro virtual, aguardado há semanas, foi acompanhado ainda pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira (Relações Exteriores) e o ministro Sidônio Palmeira (Secom).
“Foi positivo”, declarou Haddad ao chegar ao Ministério da Fazenda (leia nota oficial do Planalto sobre a reunião aqui).
Contexto da reunião
A possibilidade de diálogo entre Lula e Trump havia sido mencionada no mês passado, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Na ocasião, os dois presidentes trocaram breves cumprimentos e manifestaram o desejo de aprofundar o diálogo bilateral.
A videoconferência acontece em meio às tensões comerciais entre os dois países, após a decisão do governo americano de aplicar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros — medida que o Planalto tem chamado de tarifaço.
Trump havia afirmado que sentiu uma boa “química” com Lula durante o breve encontro em Nova York, sentimento que o líder brasileiro também reconheceu.
Diplomacia cautelosa
Fontes do governo brasileiro indicam que assessores de Lula defendiam um primeiro contato virtual antes de uma reunião presencial, como forma de avaliar convergências e divergências e construir confiança mútua.
Desde a posse de Trump, no fim de 2024, a relação com o Brasil tem sido delicada e marcada por prudência diplomática. O governo brasileiro teme mudanças bruscas de posição por parte da Casa Branca, algo que já ocorreu em outras negociações internacionais conduzidas por Trump.
Além do impacto econômico do tarifaço, diplomatas brasileiros também acompanham com atenção o tom político das declarações americanas. Trump mencionou o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo STF, e associou a medida tarifária à defesa da “liberdade de expressão de cidadãos americanos”.
Temas de interesse mútuo
Apesar das divergências, Lula tem reiterado que o Brasil está aberto ao diálogo com os Estados Unidos em áreas estratégicas, como comércio internacional, regulação de big techs e exploração de terras raras — recursos minerais de alto valor para a indústria tecnológica.
O governo brasileiro espera que o canal de comunicação aberto com Trump possa reduzir as tensões comerciais e fortalecer a cooperação entre os dois países.
Lula afirmou, durante seu discurso na ONU, que a independência do Judiciário e a soberania nacional não estão em debate, mas que estava disposto a conversar sobre comércio e desenvolvimento