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ONGs pedem à Justiça anulação de licença e paralisação de perfuração da Foz do Amazonas

por Felipe Rabioglio
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Por João Gabriel

(Folhapress) – Oito ONGs protocolaram na Justiça Federal do Pará nesta quinta-feira (23) uma ação pedindo a paralisação da perfuração e pesquisa de petróleo no bloco 59 da bacia Foz do Amazonas e anulação da licença concedida pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Na ação, as organizações expõe três motivos principais para isso. O primeiro, foi a de consulta aos povos indígenas da região. A peça, inclusive, tem 419 páginas e traz em anexo uma série de posicionamentos das comunidades.

Depois, argumentam que o licenciamento tem falhas de modelagem que prevê o que aconteceria em caso de vazamento por não considerar características como correntes de água superficiais e colunas d’água.

Por fim, as entidades afirmam que o processo de análise deveria levar em conta o impacto global do aumento de emissões de gases de efeito estufa decorrente da exploração de petróleo, e isso não foi feito.

Assim, as entidades pedem que a Justiça Federal “imediatamente […] paralisar toda e qualquer atividade de perfuração do Bloco FZAM-59”, sob risco de danos irreversíveis para o meio ambiente, além de anular a licença “tendo em vista as fragilidades técnicas e vícios insanáveis”.

A licença foi concedida para a Petrobras na última segunda-feira, causando preocupação (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

Licença para a Petrobras

Na última segunda-feira (20), o Ibama concedeu a licença para a Petrobras perfurar o bloco 59 da Foz do Amazonas.

Como revelou a Folha de S.Paulo, o parecer técnico que embasa essa decisão cita o risco a peixes-boi ameaçados de extinção e lembra que os impactos aos povos indígenas foram ignorados, com aval de uma decisão da AGU (Advocacia-Geral da União).

Agostinho atendeu à sugestão dos técnicos, e para autorizar o empreendimento, criou 34 condicionantes a serem obrigatoriamente seguidas, além da exigência de pagamento de R$ 39,6 milhões em compensações ambientais.

O empreendimento se tornou um dos principais focos de embate interno do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Marina vinha se posicionando contra a ampliação de mais uma frente de exploração de petróleo.

Por outro lado, o próprio Lula criticou publicamente o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, pela demora em autorizar o projeto.

Nomes como o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também são defensores do empreendimento.

Assinam o documento Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas), Confrem (Comissão Nacional para o Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos Extrativistas Costeiros e Marinhos), Greenpeace Brasil, Instituto Arayara, Observatório do Clima e WWF-Brasil.

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