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Omeprazol perde espaço nas receitas: especialistas explicam riscos e alternativas

por Felipe Rabioglio
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O omeprazol, medicamento usado por décadas como protetor gástrico, vem sendo cada vez mais restrito nas prescrições médicas. Conhecido por reduzir a acidez do estômago, o remédio, antes considerado inofensivo, agora é alvo de alerta devido aos riscos associados ao uso prolongado.

“Há uma tendência atual de evitar o uso desnecessário”, explica Débora Poli, gastroenterologista do Hospital Sírio-Libanês. Especialistas reforçam que o remédio deve ser usado apenas quando indicado, pelo menor tempo possível e sempre com acompanhamento médico. Antigamente, pessoas tomavam um comprimido todos os dias antes do café da manhã.

O omeprazol pertence à classe dos inibidores da bomba de prótons (IBPs), que inclui pantoprazol, esomeprazol e lansoprazol. Embora eficazes, estudos recentes mostraram que o uso contínuo pode reduzir a absorção de ferro, magnésio, cálcio e vitamina B12, provocando anemia, fadiga, cãibras e osteopenia. Além disso, aumenta o risco de infecções intestinais, supercrescimento bacteriano e, segundo observações, pode estar ligado a doença renal crônica e fraturas.

“Os IBPs revolucionaram o manejo de doenças gástricas, mas o problema é que seu uso se banalizou. Com o tempo, o remédio saiu do consultório e virou rotina. Muitas pessoas começaram e nunca mais pararam, sem reavaliação — o que chamamos de inércia terapêutica”, alerta Raphael Brandão, oncologista clínico e diretor da Clínica First.

O omeprazol perdeu espaço nas prescrições médicas, mas seu uso ainda é recomendado em algumas situações (Foto: Reprodução)

Omeprazol apenas em algumas situações

Apesar dos riscos, o omeprazol continua essencial em algumas situações. Ele é indicado para refluxo gastroesofágico grave, gastrite, úlceras e infecção por Helicobacter pylori. Pacientes com esôfago de Barrett, esofagite eosinofílica ou que precisam de proteção gástrica contínua por uso de anti-inflamatórios devem manter o tratamento.

Por outro lado, pessoas com sintomas leves ou refluxo intermitente podem reduzir a dose, usar o remédio apenas quando necessário ou trocar por alternativas como bloqueadores H2 (famotidina), que apresentam menor risco de efeitos adversos a longo prazo. Novos medicamentos, como os P-CABs (por exemplo, vonoprazana), oferecem ação rápida e duradoura, mas ainda têm custo elevado e disponibilidade limitada no Brasil.

Além de ajustes na medicação, mudanças no estilo de vida podem reduzir sintomas: perder peso, evitar deitar após comer, reduzir ultraprocessados, álcool e chocolate, elevar a cabeceira da cama e manter hábitos alimentares saudáveis, como mastigar bem e respeitar horários das refeições.

Para os especialistas, o movimento de “cortar o omeprazol” não significa que o remédio é ruim, mas sim que ele precisa ser usado com critério. “O omeprazol é um avanço da medicina moderna e tem seu valor, mas como qualquer medicamento, precisa de indicação, tempo e acompanhamento”, conclui Karoline Soares Garcia, gastroenterologista da Clínica Sartor.

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