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Nikolas, o PCC e a extrema direita

por Jesse Souza
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Nikolas Ferreira, depois da associação de seu nome ao PCC, no episódio que ficou conhecido como “imposto do pix”, quando ele defendeu interesses da organização criminosa em um post alavancado com muito dinheiro chegando a 200 milhões de visualizações, decidiu dobrar a aposta.

Agora ele conclama empresários a uma cruzada nacional contra os “extremistas de esquerda” vendo inimigos imaginários por todo canto. Nikolas é, na verdade, um produto típico da extrema direita mundial na medida em que a completa ausência de um projeto político coletivo é disfarçada ao se criar um clima artificial de ódio contra adversários de ocasião.

A diferença entre indignação e ódio é que o primeiro é uma revolta contra uma situação indigna, percebida nas suas causas políticas as quais são quase sempre impessoais. Mas a percepção de lógicas impessoais é um nível de abstração que não existe mais na internet. O ressentimento traduzido em ódio, por sua vez, não precisa de elaboração racional. Ele tem muito mais efeito e menos trabalho se ele conseguir simplesmente mimetizar e teatralizar a raiva de pessoas em relação a situações impessoais, que elas não compreendem enquanto tais, e fazer o ódio recair em “pessoas” escolhidas a dedo entre os seus inimigos.

A necessidade de canalizar a um objeto externo a agressividade, que, de outro modo teria que ser dirigida contra si próprio, como culpado pelo próprio fracasso, é vital em um contexto de desinformação. A dialética da radicalização se retroalimenta. É deste tipo de manipulação da vulnerabilidade alheia que gente como Nikolas vive.

Nikolas é um produto típico da extrema direita mundial

Significa o domínio dos afetos contra qualquer limite racional. Para o público desorientado e despolitizado por uma mídia venal há séculos, que sofre uma humilhação diária da qual desconhece as causas, o potencial de esclarecimento da mensagem não importa tanto quanto o “teatro” e a encenação da revolta quase sempre baseada em Fake News.

Nikolas, percebendo o vazio de poder do Bolsonarismo com o líder preso e condenado, pretende assumir, a revelia da família de Bolsonaro, o papel de liderança que muitos vêm como um espaço aberto. Por outro lado, acossado pela acusação que pegou de “Nikolas do PCC”, dobra a aposta com a radicalização e perseguição de pessoas devido a sua posição política. Nada mais fascista do que isso.

Nikolas gosta de utilizar o humor como arma, de modo a suavizar seus ataques grosseiros e sem limites. Mas o seu DNA é o mesmo de todos os oportunistas da internet que descobriram o mercado aberto por pessoas desesperadas e justificadamente raivosas apenas a espera de quem lhe represente, senão para a proteção de seus justos interesse, mas que pelo menos mimetizem a revolta contra o seu desespero e sua humilhação. Para quem tem muito pouco isso é muito.

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