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Megaoperação contra o CV tem 64 mortos e 81 presos no RJ

por Gabriel Anjos
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Uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, teve ao menos 64 pessoas mortas e 81 presas, nesta terça-feira (28). Trata-se de mais uma etapa da Operação Contenção, uma iniciativa permanente do governo do estado de combate ao avanço do CV por territórios fluminenses. 2.500 policiais civis e militares atuam para cumprir mandados de busca e apreensão e capturar lideranças criminosas do Rio e de outros estados.

No início da tarde, pistas da Linha Amarela, da  Rua Dias da Cruz, no Méier, e da Grajaú-Jacarepaguá, dentre outras vias foram fechadas a mando do tráfico. Em função dos bloqueios, o Centro de Operações e Resiliência (COR) do Rio elevou o estágio operacional da cidade para o nível 2, de uma escala de 5.

Segundo a “TV Globo”, entre os mortos há 4 policiais. Os policiais são Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara, recém-promovido a chefe de investigação da 53ª DP (Mesquita); Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, da 39ª DP (Pavuna); Cleiton Searafim Gonçalves, policial do Bope; Herbert, policial do Bope.

Seis pessoas foram baleadas, sendo três inocentes, incluindo uma mulher que estava dentro de uma academia.

A operação nos complexos do Alemão e da Penha já é considerada a mais letal da história da cidade do Rio de Janeiro, ultrapassando as operações no Jacarezinho, em maio de 2021, com 28 óbitos, e a operação na Vila Cruzeiro, em maio de 2022, com 24 mortes. Todas as operações aconteceram no governo de Cláudio Castro (PL).

“Essa operação de hoje tem muito pouco a ver com segurança pública. É um estado de defesa. Não é mais só responsabilidade do estado, excede as nossas competências. Já era pra ter um trabalho de integração com as forças federais. O Rio está sozinho”, afirmou o governador Cláudio Castro.

De acordo com Castro, essa é a maior operação da história das forças de segurança do estado.


“Uma operação que teve início no cumprimento de mandados judiciais, mais de um ano de investigação, mais de 60 dias de planejamento. Uma operação do estado contra narcoterroristas, quem faz o que eles fazem são narcoterroristas. Já temos relatos de tentarem fechar a avenida Brasil e outras vias para desviar a atenção. Há grande possibilidade de lideranças encurraladas, detidas ou neutralizados”, afirmou o governador.

Segundo o governo do estado, criminosos usaram drones para lançar bombas contra as equipes policiais e a população, no Complexo da Penha, para atrasar o avanço da operação.

Ainda de acordo com o governo, na ação foi preso um líder do Comando Vermelho, responsável pela guerra do Chapadão.

Diversas barricadas foram colocadas nas vias pelos criminosos para impedir a entrada das forças policiais.

“A operação visa combater a expansão territorial do Comando Vermelho e capturar lideranças criminosas do Rio de Janeiro e de outros estados”, diz nota divulgada pelo governo do estado.

Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho e Rodrigo Velloso Cabral — Foto: Reprodução

Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes, a expansão do Comando Vermelho foi investigada durante um ano.

Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Rio de Janeiro, por estar localizado próximo a vias expressas e ser ponto estratégico para o escoamento de drogas e armamentos, o complexo de favelas se tornou uma das principais bases do projeto expansionista do Comando Vermelho, especialmente em comunidades da região de Jacarepaguá.

Ao todo, a Promotoria denunciou 67 pessoas pelo crime de associação para o tráfico, e três homens também foram denunciados por tortura.

Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como a principal liderança do Comando Vermelho no Complexo da Penha e em outras comunidades da zona oeste, como Gardênia Azul, César Maia e Juramento, também foi denunciado. Um dos presos na ação dessa terça é o operador financeiro do Doca, segundo a operação.

Segundo a denúncia, também exercem liderança na associação criminosa Pedro Paulo Guedes, conhecido como Pedro Bala; Carlos Costa Neves, o Gadernal; e Washington Cesar Braga da Silva, o Grandão.

De acordo com a Promotoria, eles dão ordens sobre o tráfico de drogas, determinam as escalas dos criminosos nas biqueiras e nos pontos de monitoramento, e ordenam os assassinatos daqueles que contrariam seus interesses.

Além deles, foram denunciados 15 homens que gerenciam o tráfico e são responsáveis pela contabilidade, abastecimento, entre outras funções. Os outros denunciados, segundo a ação penal, atuavam como “soldados”, realizando o monitoramento e a segurança armada. A denúncia foi recebida e os mandados foram expedidos pelo Juízo da 42ª Vara Criminal da Capital.

Victor Santos, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, afirmou, na manhã desta terça-feira (28), que não há como o estado enfrentar o crime organizado sozinho.

“Estamos falando de 9 milhões de metros quadrados de desordem urbana [nos complexos do Alemão e da Penha], com becos intransitáveis, casas irregulares e criminosos que dominam o território. É impossível enfrentar isso apenas com o efetivo do estado”, afirmou o secretário ao Bom Dia Rio, da TV Globo.

Por parte da Polícia Civil, participam da operação agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), delegacias especializadas, distritais e o Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e Subsecretaria de Inteligência. Da Polícia Militar participam o COE (Comando de Operações Especiais) e unidades da capital e da região metropolitana.

Drones, dois helicópteros, 32 veículos blindados terrestres e 12 veículos de demolição, além de ambulâncias, estão entre os equipamentos utilizados pelos policiais.

Impactos da megaoperação

Moradores dos complexos do Alemão e da Penha relatam tiroteios e dificuldade para sair de casa desde o início da manhã.

Na Vila Cruzeiro, na Penha, policiais ocupam com blindados todos os acessos à favela. Moradores passam caminhando mesmo escutando tiros. Já motos são proibidas e, aos gritos, os agentes mandam retornar. Baús e mochilas são revistadas. Mototaxistas gritam xingamentos aos agentes ao se afastarem das barreiras policiais.

Até o momento, cinco unidades de saúde que atendem a região da Penha e do Complexo do Alemão suspenderam o início do funcionamento e avaliam se poderão abrir nas próximas horas. Uma clínica da família mantém o atendimento à população, porém, as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.

*Com Folhapress

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