Por Cleber Lourenço
Uma conversa entre o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aconteceu na manhã desta segunda-feira (6) por vídeoconferência. A reunião presidencial teve início às 10h . O encontro é visto como um gesto político significativo após meses de tensão comercial entre os dois países, agravada pelas tarifas impostas por Washington a produtos brasileiros como aço, alumínio e etanol.
A reunião é tratada nos bastidores como um primeiro passo para a reaproximação diplomática e para a construção de um novo canal de diálogo direto entre os dois líderes. Entre os presentes estava o ministro da Fazenda, Fernando Haddad .
De acordo com interlocutores do Palácio do Planalto, a videoconferência tem caráter preliminar e preparatório para um encontro presencial que deve ocorrer no fim de outubro, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), marcada para Kuala Lumpur, na Malásia. O governo brasileiro aposta que o diálogo desta manhã ajudará a pavimentar uma agenda bilateral mais ampla, com foco em cooperação econômica, investimentos e sustentabilidade.
Até o momento, o tema central da conversa é o comércio bilateral. Fontes próximas à equipe econômica afirmam que Lula pretende insistir na necessidade de revisão das tarifas norte-americanas, que têm afetado diretamente a indústria nacional e o agronegócio além de explorar novas oportunidades entre os dois países.
Já Trump, segundo diplomatas envolvidos nas tratativas, tenta equilibrar as pressões internas do setor industrial norte-americano com a possibilidade de ampliar as exportações de energia e tecnologia ao Brasil. A leitura nos círculos diplomáticos é de que ambos os governos enxergam ganhos potenciais em uma distensão controlada da crise comercial.
Além das tarifas, o governo brasileiro busca aproveitar o diálogo para reposicionar o Brasil como parceiro estratégico dos Estados Unidos em pautas regionais e multilaterais, especialmente no contexto de reorganização do comércio global e das cadeias produtivas.
Em paralelo, diplomatas brasileiros têm trabalhado para fortalecer a presença do país em fóruns asiáticos e no diálogo com nações emergentes, reforçando o papel do Brasil como mediador entre diferentes blocos econômicos.
A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) deve divulgar, ainda hoje, uma nota oficial detalhando o teor da conversa e os próximos passos das rodadas de negociação. A expectativa é que o documento traga um balanço inicial das tratativas e possíveis cronogramas de novas reuniões técnicas. Fontes do governo descrevem o clima da conversa como cordial e pragmático, destacando que houve boa receptividade de ambos os lados quanto à retomada de uma agenda positiva.
Nos bastidores, a reunião é vista também como um teste de pragmatismo político. Lula tenta mostrar disposição para dialogar diretamente com um líder que, apesar das diferenças ideológicas, ainda exerce forte influência no cenário econômico e político norte-americano. Já Trump, de olho em sua própria agenda internacional, busca demonstrar que é capaz de recompor pontes com governos considerados estratégicos.
Independentemente do desfecho imediato, a conversa desta manhã sinaliza um movimento de descompressão diplomática e uma tentativa clara de ambos os países em reconstruir uma base de entendimento econômico antes da cúpula da ASEAN, onde um encontro presencial entre Lula e Trump poderá selar um novo capítulo das relações bilaterais.