Por Carlos Petrocilo
(Folahpress) – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) reagiu nesta quinta-feira (6) a protesto contra a derrubada de um bosque no Alto da Lapa, na zona oeste, e disse “larga de ser babaca” a um dos manifestantes.
Nunes fazia um discurso durante entrega de veículos movidos a biometano para coleta de lixo. Um grupo, que se intitula Salve o Bosque, foi até o evento com cartazes com dizeres como “Assassinaram o Bosque” e “A Lapa está de luto”.
Os manifestantes são contra a autorização — Termo de Compromisso Ambiental — que a prefeitura emitiu para a construtora Tegra retirar 118 árvores do chamado Bosque dos Salesianos e construir prédios residenciais.
A área de 7.000 metros quadrados do bosque reúne 207 árvores, entre as ruas Pio XI, Sales Júnior e Presidente Antônio Cândido.
Segundo o Termo de Compromisso Ambiental, a construtora deverá fazer plantio compensatório de 1.799 mudas.
Vídeo publicado na página do grupo no Instagram sugere ainda que o prefeito chegou a mostrar o dedo do meio aos manifestantes, o que a Secretaria de Comunicação nega.
“Quanto à imagem congelada e fora de contexto, é um absurdo e irresponsabilidade querer induzir o leitor a erro de interpretação”, diz a gestão Nunes, em nota.
Logo no início do discurso, o prefeito disse que a cidade é dividida em duas categorias, de pessoas civilizadas e não civilizadas. Na sequência chamou os manifestantes de “baderneiros” e “pessoas sem noção”.
Nunes e os manifestantes
A gestão Nunes afirma que não houve ofensas do prefeito, “mas sim uma série de interrupções desrespeitosas por parte dos manifestantes que estavam ali apenas para gerar tumulto.”
A prefeitura também destacou que “não é responsável pelo local, trata-se de negociação entre particulares com autorização da Justiça e determinação para compensação ambiental”.
Antes, o grupo havia feito protesto na terça-feira (4). “Mais do que uma relação com a comunidade, o bosque tem uma fauna e flora riquíssimas, com pássaros e até macacos. É um dos poucos lugares de São Paulo em que você tem isso”, disse a fotógrafa Sílvia Simões, um das integrantes do movimento.
A Tegra comprou o terreno da Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo) por quase R$ 95 milhões, em maio deste ano.
A construtora defende que o empreendimento é regular e possui todas as autorizações, incluindo o alvará de execução e o TCA, emitidos pela SVMA (Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente).
O Ministério Público de São Paulo chegou a ajuizar ação pedindo a paralisação das obras. Obteve decisão liminar favorável à suspensão do projeto, medida que posteriormente caiu.
O argumento era de que o local estaria protegido por um decreto de 1989 que proibia a supressão das árvores. A norma, no entanto, foi revogada pelo governo Luiz Antônio Fleury Filho, em 1994, em mudança que atribuiu ao município a decisão sobre o corte de espécies nativas. A ação acabou julgada improcedente.