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Juros sob vigilância: Copom deve manter Selic e Fed pode iniciar cortes nos EUA

por Adriana Cardoso
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O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deve manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano na próxima reunião, marcada para esta quarta-feira (17), mesmo dia em que o Fed (Federal Reserve, o banco central estadunidense) deve iniciar um ciclo de corte de juros nos Estados Unidos.

No Brasil, a decisão do Copom sobre os juros, que já é amplamente esperada pelo mercado, deve vir acompanhada de um discurso mais suave da autoridade monetária, refletindo sinais positivos recentes no cenário econômico, como a desaceleração da inflação e a valorização do real frente ao dólar.

No encontro anterior, o colegiado havia optado por interromper o ciclo de alta da Selic, adotando um tom cauteloso ao sinalizar que a taxa permaneceria elevada por um “período prolongado”. Desta vez, especialistas acreditam que o BC pode demonstrar maior convicção de que a estratégia atual é suficiente para trazer a inflação de volta à meta de 3%, embora esse retorno só esteja projetado para ocorrer a partir do fim do primeiro trimestre de 2026.

Dados mais recentes reforçam esse cenário. Em agosto, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou deflação — a primeira em um ano — com recuo nos preços da energia elétrica, combustíveis e alimentos. No acumulado de 12 meses, a inflação ficou em 5,13%. Além disso, a cotação do dólar caiu para o menor nível desde junho de 2024, o que ajuda a conter pressões inflacionárias vindas do exterior.

A mudança no ambiente internacional também influencia as expectativas. O Federal Reserve deve anunciar nesta quarta-feira o primeiro corte de juros desde o início de 2025, o que pode fortalecer moedas emergentes e abrir espaço para o início da flexibilização monetária no Brasil já em dezembro, segundo avaliações de economistas do mercado.

EUA: pressão política e enfraquecimento do emprego podem acelerar redução dos juros

Nos Estados Unidos, o mercado aguarda com grande expectativa o anúncio do Federal Reserve na chamada “superquarta”, quando Brasil e EUA decidem simultaneamente suas políticas monetárias. A autoridade norte-americana deve confirmar o primeiro corte de juros do ano, movimento que já vinha sendo sinalizado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, diante da desaceleração do mercado de trabalho.

O presidente do Fed, Jerome Powell. Crédito: Arquivo

Diferentemente do Banco Central brasileiro, que tem como único mandato o controle da inflação, o Fed opera com um duplo objetivo: estabilidade de preços e pleno emprego. O enfraquecimento do mercado de trabalho tem ganhado destaque — dados recentes mostraram uma revisão drástica na criação de empregos, sinalizando uma possível deterioração mais rápida da economia.

Apesar da pressão política do presidente Donald Trump por juros mais baixos — inclusive com tentativas de intervenção direta na composição do comitê do Fed —, analistas avaliam que Powell deve manter o discurso de independência institucional. No entanto, a composição do comitê mudou recentemente, com novas nomeações que podem ampliar a margem para cortes mais agressivos, incluindo propostas de redução de até 0,50 ponto percentual na taxa.

O impacto da decisão norte-americana se estende globalmente. Com juros mais baixos nos EUA, ativos de risco tendem a ser favorecidos, e países emergentes como o Brasil podem se beneficiar do chamado carry trade — movimento de investidores que buscam maiores retornos em economias com juros elevados. Esse fluxo ajuda a valorizar o real e a reduzir pressões inflacionárias locais, reforçando o espaço para cortes na Selic nos próximos meses.

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