Israel concluiu nesta terça-feira (7) a deportação dos 13 ativistas brasileiros que estavam presos desde a semana passada por participarem da flotilha Global Sumud, interceptada por forças israelenses quando seguia rumo à Faixa de Gaza com ajuda humanitária. O grupo foi transferido por via terrestre para a Jordânia, após negociações diplomáticas conduzidas pelo governo brasileiro. Entre os deportados está a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE).
A confirmação da libertação foi feita inicialmente pelo Ministério das Relações Exteriores da Jordânia, que informou ter recebido 131 ativistas de diferentes nacionalidades nesta terça. Poucas horas depois, o Itamaraty confirmou que os brasileiros foram levados até a fronteira e encaminhados a Amã, capital jordaniana, em veículo providenciado pela Embaixada do Brasil. Diplomatas brasileiros em Tel Aviv e Amã acompanharam todo o processo.
De acordo com o governo brasileiro, as negociações foram conduzidas pela Embaixada do Brasil em Tel Aviv e contaram com apoio da diplomacia jordaniana. “Após negociações conduzidas pelo governo brasileiro, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, os 13 brasileiros que integravam a flotilha Global Sumud, entre eles a deputada Federal Luizianne Lins (PT-CE), foram conduzidos até a fronteira com a Jordânia e libertados. Diplomatas das Embaixadas em Tel Aviv e em Amã receberam os ativistas que estão, nesse momento, sendo transportados para a capital jordaniana em veículo providenciado pela Embaixada brasileira naquele país”, informou o Itamaraty em nota oficial. Ainda não há confirmação sobre quando os ativistas retornarão ao Brasil.
Luizianne Lins (PT-CE) é uma das brasileiras que foram deportadas para a Jordânia, a ação foi confirmada pelo Itamaraty (Foto: Reprodução)
Segundo informações obtidas pela GloboNews e pelo g1, os brasileiros estavam detidos no centro de prisão de Ketziot, localizado no deserto de Negev, a maior instalação carcerária de Israel em área territorial. Durante o período de detenção, representantes da Embaixada visitaram o grupo e constataram que todos estavam em boas condições de saúde.
A flotilha Sumud confirmou a chegada segura dos brasileiros à Jordânia e agradeceu o apoio consular. Havia inicialmente 15 pessoas no grupo brasileiro, mas um deles não chegou a ser detido por estar em outro barco. Outro integrante, um argentino-italiano residente no Brasil, foi deportado antes dos demais e chegou ao Rio de Janeiro na segunda-feira (6).
Com a nova deportação, o número total de ativistas retirados de Israel desde a interceptação da flotilha chegou a 471, segundo dados divulgados por autoridades israelenses. O governo de Benjamin Netanyahu mantém bloqueios terrestre, marítimo e aéreo à Faixa de Gaza e afirmou que os barcos foram interceptados por entrarem em “zona de alto risco”.
Ações de Israel
A interceptação da flotilha — composta por cerca de 40 embarcações — gerou condenações internacionais e reações políticas. Na sexta-feira (3), o governo Lula denunciou Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, acusando o país de violar normas internacionais ao impedir a passagem de ajuda humanitária.
Israel, por sua vez, classificou os integrantes da flotilha como “provocadores” e afirmou que alguns detidos “se recusaram a agilizar sua deportação e insistiram em permanecer sob custódia”. Entre os participantes estava também a ativista sueca Greta Thunberg, deportada na segunda-feira (6). Após sua saída, Greta afirmou que foi à Gaza porque “ninguém foi acudir o povo palestino” e pediu que líderes mundiais usem seus privilégios para se posicionar contra o conflito.
A flotilha Global Sumud buscava denunciar a situação humanitária na Faixa de Gaza, que completará dois anos de guerra nesta terça-feira (7). O conflito começou após o ataque do Hamas em território israelense, que matou mais de 1,2 mil pessoas e resultou em cerca de 250 reféns. Desde então, os bombardeios e combates deixaram mais de 67 mil mortos e quase 170 mil feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, órgão controlado pelo Hamas, com números reconhecidos pela ONU.