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Israel ataca Gaza pela terceira noite seguida e desafia cessar-fogo

por Felipe Rabioglio
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O Exército de Israel voltou a bombardear a Faixa de Gaza pelo terceiro dia consecutivo, entre quinta-feira (30) e sexta-feira (31), deixando ao menos duas pessoas mortas, segundo a agência oficial palestina Wafa. Os ataques ocorrem poucos dias após a retomada do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, firmado em 10 de outubro, e colocam em dúvida a continuidade da trégua.

De acordo com a Wafa, um palestino morreu em um bombardeio israelense e outro foi baleado por forças de Israel. Uma terceira pessoa faleceu em decorrência de ferimentos sofridos em ataques anteriores. A sequência de ofensivas reacendeu o temor de que o cessar-fogo seja rompido definitivamente, após semanas de instabilidade.

Na manhã desta sexta-feira (31), Israel devolveu os corpos de 30 palestinos ao hospital Nasser, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em troca dos restos mortais de dois reféns israelenses entregues no dia anterior pelo Hamas. O hospital informou que, desde o início da trégua, 225 corpos de palestinos já foram repatriados em troca de 15 israelenses.

Trégua sob pressão e desconfiança mútua

O Hamas, que controla Gaza, também devolveu os corpos de um cidadão tailandês e de um nepalês mortos durante o conflito. Apesar dessas trocas, o clima entre as partes voltou a se deteriorar após o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, autorizar novos bombardeios sobre o território palestino.

Cessar-fogo foi rompido pela terceira noite consecutiva por Israel, crise humanitária se agrava novamente em Gaza (Foto: Reuters / Mahmoud Issa)

Entre terça (28) e quarta-feira (29), Israel respondeu à morte de um soldado com ataques que, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mataram 104 pessoas. O governo israelense alega que o militar foi morto dentro da “linha amarela” — área que havia sido evacuada sob o acordo de cessar-fogo —, acusação negada pelo Hamas.

Mesmo diante da escalada de violência, Tel Aviv afirma continuar comprometida com o cessar-fogo, que inclui a libertação de reféns vivos, a troca de prisioneiros e o envio ampliado de ajuda humanitária. Pelo pacto, o Hamas libertou todos os reféns sobreviventes em troca de cerca de 2.000 prisioneiros palestinos, e se comprometeu ainda a devolver os corpos de 28 reféns mortos.

Crise econômica agrava sofrimento civil em Gaza

A trégua reduziu o número de bombardeios, mas não impediu o colapso econômico em Gaza. Desde 16 de outubro, quando os bancos começaram a reabrir, longas filas se formaram em frente às agências — mas a falta de dinheiro em espécie impede os palestinos de realizar saques.

“Não há dinheiro, não há liquidez no banco. Você vem, assina papéis e vai embora”, disse Wael Abu Fares, 61 anos, pai de seis filhos, em frente ao Banco da Palestina.

O bloqueio imposto por Israel às transferências de cédulas, vigente desde o ataque do Hamas em 2023, tornou impossível o acesso a recursos básicos. Muitos palestinos agora recorrem à troca direta de bens para conseguir comida, remédios e água.

A guerra, iniciada em outubro de 2023 após o ataque do Hamas que matou 1.200 pessoas e levou 251 reféns, já deixou mais de 68 mil palestinos mortos, segundo autoridades locais. Dois anos depois, Gaza segue devastada, com uma população exausta, empobrecida e à espera de uma paz que ainda parece distante.

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