O grupo Hamas afirmou, nesta quarta-feira (8), que entregou a Israel a lista de reféns israelenses que serão libertados caso haja um acordo de cessar-fogo em Gaza. O governo israelense também entregou uma lista de prisioneiros palestinos que seriam soltos.
Segundo a alta autoridade do Hamas, Taher Al-Nounou, o otimismo predomina nas negociações neste momento. “Os mediadores estão fazendo grandes esforços para eliminar todos os obstáculos à implementação das diferentes etapas do cessar-fogo, e o otimismo prevalece entre todos os participantes (…) As negociações indiretas, com a participação de todas as partes e dos mediadores, continuam”, afirmou Al-Nounou à AFP.
Negociações entre Israel e Hamas
As negociações, no Egito, ocorrem com base em um plano apresentado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump. As conversas estão focadas na libertação dos reféns, no desarmamento do Hamas e na retirada das forças israelenses do território palestino.
Na terça-feira (7), dia em que o conflito completou dois anos, o Hamas fez uma série de novas exigências durante as negociações e afirmou que o ataque terrorista de 7 de Outubro de 2023 foi uma “resposta histórica” a Israel. Ao mesmo tempo, Trump afirmou que um acordo para encerrar o conflito “está muito próximo”.
Israel concordou com a proposta de Trump, porém oferece certa resistência em alguns pontos. Já o Hamas disse que concorda em libertar todos os reféns, vivos e mortos, porém pediu mais discussões sobre os demais termos. Ao mesmo tempo, Israel e Hamas adotam cautela sobre as negociações no Egito.
Trump mencionou um esforço para garantir que todos cumpram com um eventual acordo porque Israel já não aderiu a sua orientação de que Israel teria que parar imediatamente com os bombardeios em Gaza, dada após a sinalização positiva do Hamas.
Desde o início do conflito em Gaza, a ofensiva israelense gerou uma destruição generalizada do território, uma grave crise humanitária entre os palestinos, com a prática de genocídio e a situação de fome generalizada, segundo agências independentes ligadas à ONU. Mais de 67 mil palestinos foram mortos e quase 170 mil ficaram feridos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Na segunda-feira (6), delegações de Israel e do Hamas participaram do primeiro dia de negociações no Egito sobre o plano de Trump. As conversas tiveram mediação dos anfitriões, além de Estados Unidos e Catar.
Trump afirmou que um acordo para encerrar o conflito “está muito próximo”
Proposta dos EUA para Gaza
O plano apresentado pelo governo dos Estados Unidos prevê o território como uma zona livre de grupos armados. Integrantes do Hamas podem receber anistia, desde que entreguem suas armas e se comprometam com a convivência pacífica.
Um cessar-fogo entraria em vigor logo após a aceitação do plano. Israel libertaria prisioneiros, enquanto o Hamas entregaria todos os reféns em seu poder. A troca incluiria também restos mortais de ambas as partes.
O acordo prevê a entrada imediata de alimentos, água, energia e insumos hospitalares, além de materiais para recuperação da infraestrutura. Equipamentos para remoção de escombros e reabertura de estradas seriam autorizados. A distribuição ficaria sob responsabilidade da ONU, do Crescente Vermelho e de outras organizações neutras.
Um comitê palestino de perfil técnico e apolítico assumiria temporariamente a administração local, sob supervisão de um “Conselho da Paz”, presidido por Donald Trump. O objetivo seria preparar a transição para o retorno da Autoridade Palestina, após reformas institucionais.
Hamas diz que lista de reféns foi trocada com Israel e cita ‘otimismo’ nas negociações
Toda a infraestrutura militar e a rede de túneis do Hamas seriam desmanteladas sob monitoramento internacional. Combatentes poderiam entregar suas armas em troca de anistia. Aqueles que optassem por deixar Gaza teriam passagem segura para outros países.
Uma Força Internacional de Estabilização treinaria a polícia palestina. Israel faria uma retirada gradual, mantendo apenas um perímetro de segurança temporário. O plano também prevê um caminho para a autodeterminação palestina e a construção de uma coexistência pacífica na região.
O plano prevê ainda a libertação de todos os reféns israelenses que estão sob o poder do Hamas em até 72 horas após a aceitação da proposta. Em contrapartida, Israel libertaria mais de 1.900 prisioneiros palestinos, incluindo 250 que receberam penas de prisão perpétua.
Ainda de acordo com a proposta, a ajuda humanitária seria ampliada imediatamente, com entrada de alimentos, medicamentos e materiais para reconstrução. A distribuição seria feita pela ONU, pelo Crescente Vermelho e por outras entidades internacionais.