O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta terça-feira (28), a realização de novos ataques militares contra embarcações no Oceano Pacífico, nas proximidades da costa da Colômbia. De acordo com o secretário de Guerra, Pete Hegseth, as ofensivas, executadas na segunda-feira, resultaram na morte de 14 pessoas e fazem parte da chamada “guerra aos cartéis” promovida pelo presidente Donald Trump.
Segundo Hegseth, as forças americanas atacaram quatro barcos em três operações distintas, ordenadas diretamente pela Casa Branca. O secretário afirmou que as embarcações eram controladas por grupos de narcotráfico classificados como “Organizações Terroristas Designadas (OTD)”. Contudo, ele não apresentou provas públicas que confirmem essa versão, dizendo apenas que os alvos haviam sido rastreados previamente por serviços de inteligência. Uma pessoa sobreviveu aos ataques e foi resgatada em uma ação conjunta entre militares dos Estados Unidos e do México.
“Ontem, por determinação do presidente Trump, o Departamento da Guerra realizou três ataques cinéticos letais contra quatro embarcações operadas por Organizações Terroristas Designadas (OTD) que traficavam narcóticos no Pacífico Oriental. As quatro embarcações eram conhecidas pelo nosso aparelho de inteligência, transitavam por rotas conhecidas de narcotráfico e transportavam narcóticos. (…) Todos os ataques ocorreram em águas internacionais, sem que forças dos EUA fossem feridas”, declarou Hegseth em comunicado publicado no X (antigo Twitter).
Yesterday, at the direction of President Trump, the Department of War carried out three lethal kinetic strikes on four vessels operated by Designated Terrorist Organizations (DTO) trafficking narcotics in the Eastern Pacific.
The four vessels were known by our intelligence… pic.twitter.com/UhoFlZ3jPG
— Secretary of War Pete Hegseth (@SecWar) October 28, 2025
Ofensiva do governo
Os ataques fazem parte de uma ofensiva mais ampla do governo Trump contra cartéis latino-americanos, que o presidente diz estar combatendo “como parte de uma guerra global contra o narcotráfico”. Desde o início do mês, navios e caças dos EUA deslocados para o Caribe e o Pacífico têm bombardeado embarcações suspeitas. O próprio Trump ordenou pessoalmente as operações ao Pentágono, sob o argumento de impedir que drogas cheguem ao território americano.
Críticos, no entanto, apontam que os ataques teriam motivações políticas. A imprensa dos Estados Unidos e autoridades regionais têm sugerido que a verdadeira intenção da campanha seria aumentar a pressão militar sobre o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela. A escalada também gerou atritos com o governo colombiano, que criticou publicamente os bombardeios recentes.
Com as ações desta semana, o número total de embarcações atingidas por forças americanas chegou a 14 — sendo oito no mar do Caribe e seis no Pacífico —, com mais de 50 mortos desde o início da operação. Esta foi a ofensiva mais ampla até o momento, já que, diferentemente das anteriores, os ataques foram realizados em série e anunciados de forma conjunta.
O secretário Hegseth voltou a comparar os supostos traficantes com terroristas da Al-Qaeda e prometeu que o Exército e governo americano “continuará rastreando e eliminando” os alvos envolvidos no narcotráfico.
Entretanto, o discurso oficial do governo entra em conflito com dados recentes da Organização das Nações Unidas (ONU). O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025, da agência da ONU para drogas e crimes, indica que a principal substância responsável por overdoses nos EUA é o fentanil — produzido majoritariamente no México, e não nos países latino-americanos do Caribe ou da costa do Pacífico.