Casa EconomiaGovernadores fazem politicagem após operação e se reúnem no RJ para atacar Lula

Governadores fazem politicagem após operação e se reúnem no RJ para atacar Lula

por Chico Alves
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Logo após a operação policial que resultou na maior matança já registrada no Brasil, com 121 mortes, na terça-feira (29), o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), apareceu em coletiva para dizer que não permitiria que ninguém usasse a situação para fins políticos. Desde então, Castro não tem feito outra coisa senão usar o banho de sangue como plataforma politiqueira para atacar o governo Lula e tentar aumentar sua popularidade.

O ponto alto dessa exploração demagógica da tragédia foi a reunião, realizada nesta quinta-feira (30), entre ele e os governadores de direita que foram ao Rio para demonstrar apoio. Entre os participantes estiveram três presidenciáveis que vão tentar surfar no mar de sangue provocado pela polícia fluminense. Batizado ironicamente com o nome de “Consórcio da Paz”, foi criado um grupo para articular combate conjunto ao crime nos mesmos moldes do que foi feito nos complexos da Penha e do Alemão: ações em áreas pobres, que causam muitas mortes e não melhoram em nada a segurança.

O objetivo claro é usar o tema como bandeira para as eleições de 2026.

A reunião teve a participação de Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Jorginho Mello (PL),  de Santa Catarina; Eduardo Riedel (PP), de Mato Grosso do Sul, e Celina Leão (PP), vice-governadora de Brasília. Tarcísio participou por vídeo.

O próprio Cláudio Castro reconheceu que o grupo tinha a intenção de produzir marketing político. “Nós estamos aqui com uma resposta clara no âmbito dos estados, que será, segundo [batizou] o nosso marqueteiro Jorginho o ‘Consórcio da Paz’”, disse Castro, na entrevista coletiva.

Multidão em torno dos corpos estendidos em praça no Alemão

Romeu Zema classificou a matança como operação policial “extremamente bem-sucedida” e enfatizou que ela foi feita sem o apoio do governo federal.

“Temos um presidente que vai lá fora organizar a paz na Ucrânia, mas deixa o povo morrendo aqui”, disse.

Ronaldo Caiado fez uma fala contraditória, ao dizer que o estado da Bahia, governado há anos pelo PT, é atualmente o campeão de índices de violência policial, e logo em seguida afirmar que governos de esquerda a posturas lenientes com o crime organizado.

Os governadores criticaram a tentativa do Palácio do Planalto de acelerar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública no Congresso. Caiado classificou a pauta como um assunto “fake”.

Castro voltou a defender a operação policial e afirmou esperar que o Rio seja um laboratório para a retomada de territórios ocupados pelo crime e para o controle da proliferação de armas de guerra.

O articulador do encontro foi Jorginho Mello, que fez elogios a Castro, classificou a operação policial como “histórica” e afirmou que ela deve servir de modelo para outras no Brasil.

“Vamos trocar material humano, comprar equipamento de forma consorciada para jogar o preço para baixo, trocar informação e inteligência policial”, disse.

Desde que terminou a operação policial mais letal da história do Brasil, Castro busca capitalizar as repercussões políticas do planejamento e execução da operação. Isso ocorre mesmo após tter selado um acordo com o ministro Ricardo Lewandowski para criação de um escritório emergencial contra o crime.

Na reunião dos governadores, Castro foi aplaudido ao dizer que não vai retroceder. Disse que as operações não vão parar. “Onde houver barricada, haverá operação.” Pediu aos governadores ajuda com agentes e equipamentos.

Por vídeo, do Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo lamentou as mortes de quatro policiais na operação. “Meus sentimentos aos policiais perdidos, às polícias Civil e Militar pelas perdas na operação. Toda morte acaba sendo uma derrota para nós, mas não agir, seria covardia, rendição. E o estado do Rio de Janeiro agiu muito bem, fez a diferença”, declarou.

A  ação policial tem sido alvo de denúncias por conta de vários tipos de arbitrariedades cometidas pelos policiais. Apesar de dizer que 117 mortos eram traficantes, muitos deles não foram identificados e as autoridades não mostraram provas de envolvimento com o crime. Os moradores relatam cenas de barbárie por parte da polícia, como decapitação e decepamento de dedos em alguns casos.

Mesmo em caso de criminosos, a legislação brasileira só autoriza o uso da força letal em confronto. Segundo moradores, muitos foram mortos depois de terem se entregado à polícia.

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