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O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (17) uma redução de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros, que passam a variar entre 4% e 4,25% ao ano. A decisão estava dentro do esperado pelo mercado e representa o primeiro corte em nove meses — o último havia ocorrido em dezembro de 2024.
Além do corte, o Fed divulgou novas projeções indicando que ao menos mais duas reduções devem acontecer até o fim de 2025. A instituição ainda terá duas reuniões neste ano, uma em outubro e outra em dezembro.
A decisão acontece em meio à pressão do presidente Donald Trump, que há meses cobra uma queda mais acentuada dos juros. O republicano chegou a tentar demitir a diretora Lisa Cook, mas a Justiça barrou a medida, vista pelo mercado como um risco à independência da instituição.
O único voto contrário à decisão de hoje foi de Stephen Miran, indicado por Trump e recém-aprovado pelo Senado. Ele defendia um corte mais agressivo, de 0,5 ponto percentual.
Segundo comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), a criação de empregos no país perdeu força, e a taxa de desemprego registrou leve alta, embora ainda esteja em nível baixo. A inflação, por outro lado, permanece acima da meta de 2%, o que exige cautela.
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou em coletiva que os riscos para a inflação no curto prazo “estão inclinados para cima”, enquanto os riscos para o emprego se situam para baixo, criando “uma situação desafiadora”.
“A demanda por trabalho enfraqueceu e o ritmo recente de criação de empregos parece estar abaixo da taxa mínima necessária para manter a taxa de desemprego constante”, declarou.
Sobre o tarifaço imposto por Trump, Powell disse que, até agora, os impactos sobre os preços têm sido absorvidos pelas empresas, mas alertou que parte desses custos poderá ser repassada aos consumidores futuramente.
Trump já conseguiu emplacar aliados no Fed e, se tiver sucesso na tentativa de afastar Lisa Cook, ganhará ainda mais influência sobre o órgão. Analistas destacam que uma maioria alinhada ao presidente poderia mudar o rumo da política monetária, aumentando a interferência política em decisões tradicionalmente técnicas.
Efeitos do corte de juros no Brasil e nos mercados
A redução dos juros nos EUA tende a diminuir a atratividade dos títulos americanos (Treasuries), considerados os mais seguros do mundo. Isso pode levar investidores a buscar oportunidades em mercados emergentes, como o Brasil, favorecendo a entrada de capital estrangeiro e a valorização do real frente ao dólar.
Um dólar mais fraco reduz pressões inflacionárias no Brasil, o que abre espaço para o Banco Central avaliar cortes adicionais na Selic nos próximos meses.