Na véspera de comemorar o dia da favela quis trazer aqui brevíssimas colocações sobre o que, infelizmente, testemunhamos no dia 28 de outubro.
Ainda hoje, a naturalização de ações dentro das comunidades e favelas é sustentada pelo próprio Estado e reafirmada todos os dias por aqueles que desumanizam e tratam com desdém as questões e dilemas das pessoas que estão no meio dos confrontos diários.
Não podemos nos esquecer que as favelas e comunidades no Rio de Janeiro são resultado de falta de políticas públicas e consequências da gênese da formação da sociedade brasileira, formação essa que tem como base os princípios eugenistas e lombrosianos.
De forma ativa a política perpetrada pelo Estado continua operando, tentando minimizar as consequências de um plano que não levou em consideração quem estava, e ainda está, no meio das linhas dos confrontos.
Hoje 121 mães, dos dois lados da história, não têm e não sentem a presença de seus filhos. Não existe régua para medir a dor de uma mãe. E aqui penso, instantaneamente, na minha mãe, Sônia da Mauriti, de quem fui brutalmente retirado quando tinha apenas 7 anos de idade.