Casa EconomiaExportações brasileiras encolhem com tarifaço, mas Ásia e Europa ajudam reação

Exportações brasileiras encolhem com tarifaço, mas Ásia e Europa ajudam reação

por Adriana Cardoso
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As tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros entre agosto e outubro de 2025 provocaram uma deterioração das exportações do Brasil para o mercado norte-americano, pressionando o déficit da balança comercial do país com os EUA. A saída encontrada pelo Brasil para minorar os efeitos do tarifaço foi ampliar as exportações para novos mercados, com destaque para países da Ásia e Europa.

No período, o déficit com os EUA saltou para US$ 4,7 bilhões — alta de 341% em relação ao ano anterior —, impulsionado pela queda de 24,9% nas exportações nacionais, segundo o Monitor Macroeconômico da Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.

Os bens alcançados pela tarifa de 50% foram os mais afetados. Carne bovina, café, maquinaria, açúcar e madeira sofreram retrações expressivas, variando de 17,3% a 78,8% em valor exportado.

Embora parte das vendas tenha sido redirecionada para mercados alternativos, como China e México, produtos como madeira mantiveram alta dependência dos Estados Unidos, evidenciando que o esforço de diversificação ainda não é suficiente para compensar as perdas.

Exportações de minério de ferro e aço caem, mas alumínio cresce

Entre os itens submetidos à tarifa de 10%, o minério de ferro registrou a queda mais acentuada, de 83,3%, resultando na transferência do principal destino para a China. O aço também foi fortemente impactado: a queda de 60,2% derrubou os EUA para a terceira posição entre os maiores compradores, atrás de Argentina e China.

A exceção positiva veio do alumínio, cujas exportações para o mercado norte-americano cresceram 314,3%, ampliando a presença brasileira no setor.

Apesar das restrições, o relatório destaca movimentos de adaptação. O Brasil expandiu vendas para a Ásia — especialmente China, Cingapura e Índia — e para países das Américas, como Argentina e México. A participação chinesa nas exportações totais subiu de 25% para 29%, reforçando seu papel como principal destino da pauta exportadora.

Economia brasileira resiste

No pano de fundo desse cenário, a economia brasileira atravessa uma fase de moderação. Projeções do Ministério da Fazenda estimam crescimento de 2,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025, após expansão de 3,4% no ano anterior. A inflação deve encerrar o ano em 4,55% e o desemprego recuou para 5,6%, o menor nível em mais de dez anos.

As contas externas seguem pressionadas, com déficit em transações correntes estimado em US$ 56 bilhões. A dívida bruta deve atingir 80,7% do PIB, mas o país mantém colchão de liquidez robusto, com reservas internacionais de US$ 359 bilhões.

No campo financeiro, o investimento estrangeiro direto alcançou US$ 63,2 bilhões entre janeiro e setembro, superando expectativas e ganhando novo perfil: a participação dos EUA diminuiu, enquanto Europa e China ampliaram suas presenças.

Mesmo sob o peso das tarifas e das incertezas globais, a economia brasileira tem demonstrado capacidade de adaptação. A diversificação de mercados, combinada ao fluxo sólido de capitais produtivos, tem amortecido parte dos choques externos — um sinal de resiliência que tende a ser crucial no atual ciclo de tensões comerciais.

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