Casa EconomiaExpectativa de vida global retorna a níveis pré-pandemia, segundo estudo

Expectativa de vida global retorna a níveis pré-pandemia, segundo estudo

por Felipe Rabioglio
0 comentários
expectativa-de-vida-global-retorna-a-niveis-pre-pandemia,-segundo-estudo

A expectativa de vida global voltou aos níveis observados antes da pandemia de Covid-19, segundo um amplo estudo publicado neste domingo (13) na revista The Lancet pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME), da Universidade de Washington. A pesquisa, que analisou dados de 204 países e territórios, mostra que os seres humanos vivem, em média, 20 anos a mais do que em 1950, mas alerta para novas ameaças à saúde pública — especialmente entre adolescentes e jovens adultos.

De acordo com o levantamento, a expectativa de vida em 2023 era de 76,3 anos para mulheres e 71,5 anos para homens, um retorno aos níveis pré-pandemia após a queda registrada durante o auge da crise sanitária. As taxas de mortalidade vêm caindo globalmente, mas o estudo destaca que persistem grandes desigualdades regionais: nas regiões de alta renda, a média é de 83 anos, enquanto na África Subsaariana não passa de 62.

A Covid-19, que em 2021 chegou a ser a principal causa de morte no planeta, caiu para a 20ª posição em 2023, cedendo lugar novamente às doenças cardíacas e aos acidentes vasculares cerebrais (AVC) como as maiores causas de óbito. As mortes por doenças infecciosas — como sarampo, diarreia e tuberculose — também tiveram quedas expressivas.

Em contrapartida, as doenças não transmissíveis agora respondem por cerca de dois terços das mortes e da carga global de enfermidades. Apesar da redução nas taxas de mortalidade por doenças cardíacas e AVC desde 1990, houve aumento nos casos de diabetes, doença renal crônica e Alzheimer.

(Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil)

Especialistas falam sobre envelhecimento global

“O rápido crescimento da população idosa mundial e a evolução dos fatores de risco inauguraram uma nova era de desafios para a saúde global”, afirmou o diretor do IHME, Dr. Christopher Murray, destacando que as novas tendências exigem respostas estratégicas de governos e autoridades sanitárias.

O relatório mostra que metade da carga global de doenças é evitável, sendo atribuída a fatores modificáveis. Entre os dez maiores riscos estão pressão alta, tabagismo, colesterol elevado, diabetes e obesidade. Entre 2010 e 2023, houve um aumento de 11% na carga de doenças associadas ao excesso de peso e de 6% por altos níveis de açúcar no sangue. Fatores ambientais, como poluição e exposição ao chumbo, e condições neonatais, como baixo peso ao nascer, também figuram entre os principais riscos.

A saúde mental aparece como outro componente central: houve um crescimento expressivo nos casos de ansiedade e depressão, que já figuram entre as maiores causas de incapacidade global.

Apesar dos avanços, o estudo alerta para uma “crise emergente” entre adolescentes e jovens adultos, especialmente na América do Norte de alta renda, onde as taxas de mortalidade cresceram entre 20 e 39 anos — impulsionadas por suicídios, overdose de drogas e consumo excessivo de álcool. Entre jovens de 5 a 19 anos, também houve aumento de mortes no Leste Europeu e no Caribe, enquanto na África Subsaariana persistem os óbitos por doenças infecciosas e acidentes.

Globalmente, os fatores de risco variam conforme a faixa etária: para crianças de 5 a 14 anos, predominam deficiência de ferro e falta de saneamento básico; já entre 15 e 49 anos, os principais riscos são sexo inseguro, lesões ocupacionais, obesidade, hipertensão e tabagismo.

Segundo os pesquisadores do IHME, os resultados apontam para uma “necessidade urgente de os formuladores de políticas expandirem as prioridades de saúde”, com atenção especial à juventude. “Décadas de trabalho para reduzir a disparidade em regiões de baixa renda com persistentes desigualdades na saúde correm o risco de se desfazer devido aos recentes cortes na ajuda internacional”, alertou Emmanuela Gakidou, professora e autora sênior do estudo. “Esses países dependem do financiamento global para cuidados primários de saúde, medicamentos e vacinas. Sem isso, a disparidade certamente aumentará.”

você pode gostar