Casa EconomiaEntenda por que as bolsas celebram a aproximação dos EUA com China e Brasil

Entenda por que as bolsas celebram a aproximação dos EUA com China e Brasil

por Adriana Cardoso
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A expectativa de um possível distensionamento nas relações comerciais entre Estados Unidos, China e Brasil impulsionou as principais bolsas do mundo a novas máximas na segunda-feira (27). No dia seguinte à reunião histórica entre o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ex-presidente americano Donald Trump, o Ibovespa avançou 0,55%, atingindo 146.969 pontos, renovando a máxima histórica, enquanto o dólar recuou 0,42%, cotado a R$ 5,37.

O movimento não se restringiu ao Brasil. Na Ásia, o índice Nikkei subiu 2,46%, aos 50.500 pontos, recorde histórico, e a Bolsa de Xangai avançou para 4.716 pontos. Na Europa, Londres registrou leve alta de 0,09%, suficiente para marcar nova máxima histórica, aos 9.653 pontos. Nos Estados Unidos, Wall Street também renovou recordes: o Dow Jones subiu 0,71%, o S&P 500 avançou 1,23% e o Nasdaq registrou alta de 1,86%, impulsionado por papéis de tecnologia.

Segundo especialistas, o movimento foi muito sustentado pelo encontro entre Lula e Trump, mas também pela expectativa de um encontro entre Trump e Xi Jinping, que está marcado para acontecer na quinta-feira (30), na Coreia do Sul.

Um sinal de reaproximação entre EUA e China é interpretado pelo mercado como positivo, reduzindo o risco de fragmentação do comércio global e gerando reprecificação pró-risco, com valorização de bolsas e moedas emergentes.

Apesar do otimismo, os discursos dos líderes mostraram cautela. Lula avaliou positivamente a reunião, destacando que não era possível resolver todas as questões em um único encontro e que estabeleceram “uma regra de negociação”, mantendo contato direto para futuras tratativas.

Trump, por sua vez, afirmou que ainda não há garantias de acordo, embora tenha reconhecido a qualidade do encontro.

Bolsas reagem às negociações tarifárias em foco

No campo prático, representantes brasileiros e americanos se reuniram por cerca de uma hora para discutir os próximos passos. O governo brasileiro prioriza a suspensão da sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros, vigente desde agosto, que se soma à tarifa de 10% anunciada em abril. O plano A do Brasil — obter o cancelamento imediato da tarifa — não foi atendido, mas autoridades avaliam o encontro como positivo.

Uma “tropa de choque” brasileira, composta pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, poderá seguir a Washington na próxima semana para avançar nas negociações. A prioridade é eliminar a sobretaxa, mas também discutir temas não tarifários, como a instalação de data centers no país e atrair investimentos em energia renovável.

Setores estratégicos como carne e café, diretamente afetados pelas tarifas, demonstram otimismo. As exportações de café para os EUA caíram 53% em setembro, mas entidades do setor acreditam em uma reavaliação equilibrada e técnica das alíquotas, com base nas relações de longo prazo entre os países.

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