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Em relatório, Igreja Católica é criticada por demora em ajudar vítimas de abuso

por Felipe Rabioglio
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Em relatório anual divulgado nesta quinta-feira (16), a Comissão de Proteção à Criança do Vaticano criticou duramente as lideranças da Igreja Católica por sua lentidão em apoiar vítimas de abuso sexual por parte do clero. O documento aponta que pedidos de informação da própria comissão nem sempre foram atendidos e que a Igreja falhou em fornecer dados claros às vítimas sobre o andamento de suas denúncias.

O relatório, de 103 páginas, avalia esforços de proteção em 22 países e em departamentos do Vaticano, destacando problemas estruturais e de comunicação. “Em muitos casos, as vítimas relatam que a Igreja respondeu com acordos vazios, gestos performativos e uma recusa persistente de se envolver com as vítimas de boa fé”, afirma o documento.

A comissão, criada pelo papa Francisco em 2014, lançou seu primeiro relatório anual apenas no ano passado. O novo texto é o mais detalhado já publicado e concentra-se principalmente nas reparações às vítimas e na eficácia das medidas de proteção. Entre os departamentos avaliados está o Dicastério para a Evangelização, responsável por supervisionar operações da Igreja em várias nações em desenvolvimento, que conta apenas com um funcionário dedicado às questões de proteção.

O relatório também aponta falhas na cooperação de líderes locais. Na Itália, por exemplo, apenas 81 das 226 dioceses responderam a questionários sobre práticas de proteção, enquanto a Coreia do Sul teve 100% de participação. O documento alerta que a falta de clareza na divisão de responsabilidades entre departamentos do Vaticano pode atrasar investigações e o tratamento das denúncias.

Papa Leão XIV reuniu-se com membros da comissão e nomeou um novo presidente em julho (Foto: Edgar Béltran / Wikimedia Commons)

Transparência na Igreja

Entre as recomendações, a comissão defende maior transparência sobre a remoção de bispos ligados a casos de abuso ou acobertamento, criticando a prática de simplesmente informar que “o papa aceitou a renúncia” sem detalhar os motivos. “A falta de responsabilidade dos líderes da Igreja foi uma questão frequentemente levantada pelas vítimas”, diz o relatório.

O papa Francisco, falecido em abril, priorizou o combate ao abuso no clero durante seu pontificado de 12 anos, incluindo a criação de um sistema global de denúncias. O sucessor, papa Leão XIV, eleito em maio, reuniu-se com membros da comissão e nomeou um novo presidente em julho, mantendo o foco no tema, mas com resultados considerados ainda insuficientes.

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