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Por Leila Cangussu — A mesa “Como Reconquistar o Brasil” trouxe ao palco do Despertar 2025 o economista Eduardo Moreira, o sociólogo Jessé Souza e o professor João Cezar de Castro Rocha, anunciado como futuro docente da pós-graduação do ICL a partir de 2026.
O momento começou com a irreverência de Guga Noblat, que abriu a conversa com humor e crítica política, lembrando que o ICL é também feito de afeto, ironia e coragem para enfrentar os poderosos.
Educação como instrumento de libertação
Jessé Souza afirmou que o ICL representa hoje uma das iniciativas políticas mais importantes do Brasil, sobretudo pela sua comunidade. Para ele, a função do instituto é oferecer conhecimento crítico e informação de qualidade, em contraponto à manipulação que marca a política nacional. “Se você mostra ao povo quem é o verdadeiro inimigo, ele entende. É assim que você conquista o coração e a mente das pessoas”, disse, lembrando o exemplo de Getúlio Vargas e sua capacidade de politizar a população contra o imperialismo.
Souza criticou o reducionismo das disputas atuais, baseadas em memes e frases de efeito, e defendeu a necessidade de um discurso consistente. “O maior criminoso está na Faria Lima. Não é uma questão casual, é estrutural. São 500 anos de exploração que precisam ser desmascarados.”
Democracia, cultura e resistência
João Cezar de Castro Rocha destacou o papel da cultura na luta democrática. Citou o poema “Matina” de Giuseppe Ungaretti para refletir sobre a energia coletiva do encontro: “O sol nasce na nossa boca. Este encontro é um sol nascendo na boca de todos nós”.
Rocha analisou ainda o impacto da extrema direita, tomando como exemplo o pensamento de Olavo de Carvalho. “O conhecimento, nesse caso, não liberta. Humilha. É uma lavagem cerebral coletiva.”
Em contraponto, defendeu uma democracia enraizada em direitos sociais e culturais. “Leremos Machado de Assis, mas também lutaremos pela reforma agrária. Leremos Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo, mas exigiremos taxação justa dos lucros. Literatura e pensamento crítico devem caminhar junto com a transformação social.”
Desafios globais e o papel da imprensa pública
Ao longo da mesa, surgiram também reflexões sobre o papel de uma imprensa pública plural, ausente no Brasil. Para Jessé Souza, isso limita a diversidade de vozes e concentra narrativas em grupos privados. Eduardo Moreira provocou os debatedores a relacionar a crise brasileira com o avanço de autocracias no mundo, de Donald Trump nos Estados Unidos a Viktor Orbán na Hungria.
Eduardo Moreira, Jessé Souza e João Cezar de Castro Rocha durante o Despertar 2025. Foto: ICL
Esperançar como verbo coletivo
O debate terminou com a lembrança de Paulo Freire e do verbo “esperançar”, apontado como prática cotidiana para transformar o país.
Na sequência, o público acompanhou o vídeo “Eterno”. O momento foi dedicado aos membros do ICL Eterno, reconhecidos como pilar essencial da construção coletiva que é o Instituto Conhecimento Liberta. Entre aplausos, ficou o chamado: só com educação crítica, democracia sólida e consciência coletiva será possível reconquistar o Brasil.