Os irmãos Wesley e Joesley Batista, bilionários e controladores da holding J&F Investimentos, que tem entre suas empresas a JBS (setor de alimentos), deram mais um passo estratégico na diversificação de seus negócios. A empresa anunciou na quarta-feira (15) a aquisição de uma participação na Eletronuclear por R$ 535 milhões, marcando sua entrada no setor de energia nuclear.
Com a nova operação, a J&F Investimentos amplia ainda mais sua presença em mercados considerados críticos e estratégicos. O grupo já administra oito grandes negócios e dezenas de marcas que operam em áreas como proteína animal, agronegócio, energia, celulose, comunicação, serviços financeiros e tecnologia.
No centro do império está a JBS, uma das maiores processadoras de carne do mundo, com valor de mercado estimado em R$ 70 bilhões. Listada na B3 e na Bolsa de Nova York, a empresa é o principal ativo da holding — e responsável por boa parte da fortuna dos irmãos, estimada em US$ 4,3 bilhões, segundo a Forbes.
Açougue em Goiás, JBS, Friboi e polêmicas
A história da J&F remonta a 1953, com um pequeno açougue fundado em Anápolis (GO) por José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro. A partir dos anos 1980, com a entrada de seus filhos Joesley e Wesley, o grupo iniciou um processo acelerado de profissionalização, consolidação e internacionalização.
Nos anos 2000, a empresa passou a liderar o mercado nacional de carne bovina e expandiu suas operações para a América do Sul, Estados Unidos e Europa. A abertura de capital da JBS em 2007 e a diversificação para outros setores consolidaram o conglomerado como um dos maiores do país, com presença em mais de 20 países.
No entanto, o crescimento acelerado foi acompanhado por escândalos de grande repercussão. Em 2017, os irmãos Batista protagonizaram uma das mais explosivas delações da Lava Jato, envolvendo gravações com figuras centrais da política brasileira, como Michel Temer e Aécio Neves. Eles admitiram o pagamento de propinas a cerca de 1.800 políticos. À época, o faturamento da JBS havia saltado de R$ 4 bilhões, em 2006, para R$ 170 bilhões em 2016.
Os irmãos foram presos e se afastaram da gestão da JBS, mas acabaram sendo absolvidos nos principais processos. Em 2023, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a multa bilionária imposta à J&F no acordo de leniência, após questionamentos sobre a atuação dos procuradores.
Agora, com a entrada no setor nuclear, a J&F sinaliza que continua apostando em setores de alto impacto e longo prazo, mesmo com um passado ainda em aberto nos tribunais.