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Disputa interna isola Carlos Bolsonaro na briga pelo Senado em SC

por Amanda Miranda
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Para que Carlos Bolsonaro e a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) saíssem juntos como candidatos ao Senado por Santa Catarina, o governador Jorginho Mello teria que pôr em risco seu projeto de reeleição.

Presidente do PL-SC, Jorginho Mello negociou com Jair Bolsonaro uma chapa com um candidato do ex-presidente e um dele. Hoje, essa chapa é composta por Carlos Bolsonaro e Esperidião Amin, nome importante para dar mais tempo de tela e recursos ao projeto de Jorginho, que constrói alianças. Como o eleitor vota em dois candidatos ao Senado, os partidos organizam as campanhas orientando voto na chapa.

Carlos Bolsonaro fingiu que não entendeu o desenho e, publicamente, tanto ele como a família dizem que apoiam De Toni. A conta não fecha: para ela entrar, ele precisa sair.

O apoio da família a qualquer candidato que não esteja na chapa montada pelo partido, fato que aconteceria com a saída de De Toni do PL, escancara que o projeto de Carlos Bolsonaro é exclusivamente pessoal e descolado dos arranjos locais. Ao fazer isso, revela desdém pela política local, mesmo na direita.

A deputada estadual Caroline De Toni, recebeu apoio de Michelle Bolsonaro com candidata ao Senado por SC (Foto: Agência Senado)

Antifeministas x Bolsonaros

Nos últimos dias, a tensão escalou porque a deputada estadual mais votada de Santa Catarina, Ana Campagnolo, pôs as cartas na mesa e explicou para o eleitorado que não existe chapa De Toni e Carlos.

A antifeminista que representa a ala mais radical da ideologia “olavista” expôs seu apoio à De Toni, que está com os pés fora do PL e se recusa a abandonar a disputa. A presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, também endossou e renovou seu apoio à Caroline.

Carlos Bolsonaro compartilhou o discurso da madrasta publicamente, mas, na prática, eles não podem estar ao mesmo lado. Isso porque o apoio de Michelle à De Toni em uma disputa fora do PL seria uma insurgência contra o partido cuja ala mulher ela preside.

Auxiliado pelo irmão, Eduardo, Carlos busca consolidar a narrativa de dobradinha com De Toni. Para isso, ambos se voltaram contra Campagnolo, que expôs o problema sem filtros aos seus apoiadores. A deputada estadual tem explicado que quem está sobrando na disputa é Carlos e foi chamada de desleal por Eduardo.

No discurso, a família abraça Caroline de Toni, mas, na prática, a expulsa do partido caso queira ser candidata ao senado. Se o apoio dos Bolsonaros a Caroline ocorrer mesmo estando ela em outra chapa, Jorginho pode ser derrotado e nenhum candidato de direita se eleger ao Senado, já que a divisão de votos entre De Toni, Amin e Carlos Bolsonaro vai confundir o eleitor.

Hoje, Carlos Bolsonaro está isolado. Com o apoio exclusivo do pai e do irmão, sem projeção na política catarinense e com Jorginho Mello estimulando o fogo amigo, o filho do ex-presidente tem a candidatura sob ameaça e a eleição também.

As brigas públicas ocorrem num timing em que Jorginho Mello fala cada vez menos de Jair Bolsonaro. Isso demonstra, nas entrelinhas, que o PL de Santa Catarina tenta superar o fundador do movimento conservador que se espalhou rapidamente pelo estado.

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