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Deputados pedem prisão de Cláudio Castro após ouvir relatos de familiares de vítimas

por Schirlei Alves
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Por Lucas Rocha e Schirlei Alves

Após a operação policial que deixou 121 mortos nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, o deputado federal Reimont Luiz Otoni Santa Barbara (PT-RJ) e outros oito parlamentares assinaram um ofício ao procurador-geral da República pedindo que seja avaliada a prisão do governador Cláudio Castro (PL).

O pedido foi feito após uma reunião na Central Única das Favelas (Cufa), nesta quinta-feira (30), em que deputados e ministras do governo federal ouviram relatos de familiares de vítimas e lideranças comunitárias sobre as mortes e violações ocorridas durante a operação.

“Fomos nove deputados a assinar um ofício ao procurador-geral da República, pedindo que ele avalie a possibilidade de prisão do governador Cláudio Castro, no entendimento de que há um crime continuado. Nós chamamos isso de uma chacina continuada”, afirmou.

deputado federal Reimont Luiz Otoni Santa Barbara – Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados

Segundo ele, os relatos ouvidos foram “inimagináveis”:

“Teve um pai que disse: ‘Nós temos guerras entre países, mas aqui é o Estado que deveria proteger a população matando o seu próprio povo, é como o pai matando o filho’”, contou o deputado.

“A gente ouviu relatos, por exemplo, de dois irmãos que morreram abraçados com dois tiros, um tiro na nuca de um e um tiro na nuca do outro, atravessados. Nós ouvimos relatos de pessoas de mãos mutiladas, pessoas que perderam todas as suas digitais […], e de um menino que teve a sua cabeça decepada e colocada em cima de uma árvore”, completou.

O parlamentar destacou que a Comissão de Direitos Humanos está reunindo relatos, imagens e vídeos para montar um dossiê e acionar mecanismos nacionais e internacionais de responsabilização.

Manifestantes em frente ao Palácio Guanabara. Foto: ONG Rio de Paz

Ministras se emocionaram com relatos

As declarações ocorreram durante uma reunião realizada nesta quinta-feira (30), na Central Única das Favelas (Cufa), com lideranças comunitárias dos Complexos do Alemão e da Penha, após a operação policial que deixou 121 mortos — 117 deles civis. O encontro foi solicitado por associações de moradores e articulado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

As ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Mulheres) participaram do encontro, ao lado de representantes de várias comunidades, parlamentares estaduais e municipais.

Anielle Franco se emocionou ao relembrar a própria trajetória e a morte da irmã, a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.

“A minha história de vida já fala muito. Eu sou filha da Maré e jamais na minha vida acho que algum corpo merece ser tombado como a gente tem assistido aqui”, disse, com a voz embargada.


Para a ministra, o momento é de escuta e acolhimento.

“É o nosso momento. É o momento de escuta, foi muito importante para nós [estarmos aqui] para entender as demandas. Não dá para chegar em nenhum lugar sem entender o que está acontecendo, para além de tudo que a gente viu e vivenciou”, completou.

A ministra das Mulheres, Macaé Evaristo, reforçou que o governo federal está montando uma comissão emergencial para atuar nas comunidades afetadas, com participação de diferentes pastas.

“Nós também estamos instalando aqui uma comissão emergencial que articula vários ministérios do campo social — Saúde, Educação, Assistência Social, Igualdade Racial, Direitos Humanos, Cidadania e Mulheres — para que a gente possa trabalhar em alguns eixos que, na nossa escuta, são muito importantes”, afirmou Macaé.

Ela destacou ainda que as lideranças locais pedem paz e dignidade:

“Essas lideranças estão aqui para dizer que elas querem poder viver em paz nas suas comunidades, ter direitos. Direito à educação, à saúde, à assistência, mas especialmente o direito a um trabalho decente, porque é inadmissível o que aconteceu”, completou.

Também participaram do encontro as deputadas federais Jandira Feghali, Benedita da Silva, Talíria Petrone, Enfermeira Rejane e Otoni de Paula; as deputadas estaduais Dani Monteiro e Verônica Lima; e os vereadores Leonel de Esquerda e Mônica Benício.

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