Casa EconomiaDeputado: Governador não vai prender traficante Doca por ele estar próximo a bairro de rico

Deputado: Governador não vai prender traficante Doca por ele estar próximo a bairro de rico

por Schirlei Alves
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O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) voltou a criticar a operação do governo do Rio de Janeiro que resultou em 121 mortos, entre eles quatro policiais, durante ações no Complexo da Penha e do Alemão, na zona Norte da capital.

Em pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (4), o parlamentar ironizou o saldo político da ação para o governador Cláudio Castro (PL) e afirmou que o número de mortes não representou qualquer avanço no combate ao crime organizado.

“Olha, eu começo esse pronunciamento aplaudindo o governador do estado do Rio de Janeiro. O Ibope dele subiu. Tinha pouca gente que sabia quem era o governador, agora sabe”, disse Otoni, em tom de ironia.

“O carioca e o fluminense já não aguentam mais o crime organizado e entendem que, se matar o criminoso, está resolvido o problema. Só que, na verdade, não está resolvido o problema.”

O parlamentar questionou os resultados da operação e as mortes de policiais, afirmando que as comunidades seguem sob o controle de facções.

“Quatro policiais morreram. E em nome de que eles morreram? A boca de fumo ainda está no mesmo lugar e a pressão que a população dos complexos da Penha e da Maré vive, imposta pelos criminosos, continua lá. Mas, para o governo do Rio, morrer policial é efeito colateral. Vai dizer que é efeito colateral para os filhos, para os parentes?”, disse.

Otoni provocou o governador ao citar a Rocinha, na zona sul do Rio, e bairros de elite vizinhos, afirmando que o traficante que seria alvo da operação não estava no local e que essa informação seria de conhecimento do próprio governador.

“Governador, o senhor fez toda essa operação para pegar o Doca. E não pegou o Doca. Agora estão dizendo que ele está na Rocinha. Vamos fazer a mesma operação lá? Mas agora é pra matar 200, pra matar geral”, alfinetou.

“Ah, caveira, mas na Rocinha, não. E por que não? Porque São Conrado é ali do lado, vá que uma bala de fuzil entre na casa do governador, vá que chegue no Leblon. Já pensou uma bala entrando pela janela da PUC? Aí não pode. Agora, quando é no Alemão ou na Penha, aí dá, porque é bairro de pobre”, completou.

Veja o vídeo com a fala do deputado:

Relatos de comunidade religiosa

Otoni de Paula, que é pastor da Assembleia de Deus Ministério Missão de Vida, já havia feito críticas à operação anteriormente, dizendo ter recebido denúncias de fiéis sobre a execução de inocentes. Na ocasião, afirmou falar “como pastor de direita” e denunciou que quatro jovens assassinados na ação “nunca portaram fuzis”, mas foram contabilizados como “bandidos”.

Em entrevista ao ICL Notícias, o deputado também disse que as informações vieram de pessoas próximas à sua comunidade evangélica.

“Pelo menos quatro pessoas que estavam entre os mortos, sendo contadas como traficantes, não eram traficantes. Eram pessoas que nunca tiveram envolvimento com o crime organizado. E eu resolvi revelar esta denúncia na tribuna da Câmara Federal”, declarou.

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