O governo central — que inclui Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social — registrou déficit primário de R$ 15,56 bilhões em agosto de 2025. Embora o número represente uma melhora em relação ao déficit de R$ 22,16 bilhões do mesmo mês de 2024 (queda real de 33,2%), ainda se trata do pior resultado para meses de agosto desde 2021, em termos corrigidos pela inflação.
Segundo dados do Relatório do Tesouro Nacional (RTN), a melhora foi impulsionada por um crescimento real de 11,1% na receita líquida, que somou R$ 174,2 bilhões no mês. Por outro lado, a despesa total avançou 5,3% na mesma base de comparação, alcançando R$ 189,7 bilhões. O resultado do mês superou as projeções do Prisma Fiscal, que apontavam déficit de R$ 21 bilhões.
O desempenho positivo de Tesouro Nacional e Banco Central, que juntos apresentaram superávit de R$ 3,45 bilhões, foi ofuscado pelo déficit expressivo da Previdência Social, de R$ 19,02 bilhões — reflexo do aumento no número de beneficiários e do reajuste real do salário mínimo.
Governo Central: meta fiscal de 2025 mira equilíbrio
No acumulado do ano até agosto, o déficit primário soma R$ 86,07 bilhões, uma redução real de 18,2% frente aos R$ 98,4 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Em 12 meses, o déficit equivale a 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), percentual menor do que os observados em anos anteriores.
A equipe econômica segue comprometida com a meta de déficit fiscal zero em 2025, conforme previsto no novo arcabouço fiscal.
O plano traçado pelo governo federal projeta superávits crescentes até 2028: 0,25% do PIB em 2026, 0,5% em 2027 e 1% em 2028. No entanto, o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) do quarto bimestre ainda aponta um déficit de R$ 73,5 bilhões para este ano, compensado parcialmente por fatores excepcionais, como precatórios e decisões judiciais.
A receita total de agosto somou R$ 219,6 bilhões (alta real de 7,1%), impulsionada por maiores arrecadações de Imposto de Renda (+R$ 3,7 bilhões) e IOF (+R$ 2,3 bilhões). Já do lado das despesas, os maiores aumentos foram em benefícios previdenciários, pessoal e encargos sociais e gastos com saúde e educação.
Apesar da melhora em indicadores pontuais, especialistas alertam que o ajuste fiscal estrutural ainda depende de reformas e controle de gastos obrigatórios, especialmente no campo previdenciário, que segue como o maior desafio para o equilíbrio das contas do governo central.
Resumo dos dados fiscais
- Déficit primário em agosto/25: R$ 15,564 bilhões
- Déficit em agosto/24: R$ 22,162 bilhões
- Melhora real no mês: -33,2%
- Melhor resultado para agosto desde: 2021
- Resultado esperado (Prisma Fiscal): Déficit de R$ 21 bilhões
Receita
- Receita total em agosto/25: R$ 219,614 bilhões
- Alta real (vs. agosto/24): +7,1%
- Receita líquida em agosto/25: R$ 174,192 bilhões
- Alta real (vs. agosto/24): +11,1%
- Acumulado jan–ago/25 (receita líquida): R$ 1,513 trilhão
- Alta real jan–ago: +3,9%
Despesa
- Despesa total em agosto/25: R$ 189,756 bilhões
- Alta real (vs. agosto/24): +5,3%
- Acumulado jan–ago/25 (despesa total): R$ 1,599 trilhão
- Alta real jan–ago: +2,4%
Resultado primário
- Déficit acumulado jan–ago/25: R$ 86,068 bilhões
- Déficit jan–ago/24: R$ 98,402 bilhões
- Queda real: -18,2%
- Resultado em 12 meses: Déficit de R$ 26,6 bilhões (0,25% do PIB)
Por órgão (agosto/25)
- Tesouro Nacional + Banco Central: Superávit de R$ 3,456 bilhões
- Previdência Social (RGPS): Déficit de R$ 19,020 bilhões
- Acumulado jan–ago/25 – Tesouro e BC: Superávit de R$ 179,291 bilhões
- Acumulado jan–ago/25 – RGPS: Déficit de R$ 265,359 bilhões
Metas fiscais
- Meta para 2025: Déficit zero
- Projeção atual do Tesouro (RARDP 4º bimestre): Déficit de R$ 73,5 bilhões
- Compensações autorizadas (precatórios, ADPF): R$ 43,3 bilhões
- Déficit para fins de meta (após compensações): -R$ 30,2 bilhões
- Limite inferior da meta: -R$ 30,97 bilhões
- Folga fiscal estimada: R$ 0,8 bilhão